Especialistas apontam 'tentativa desesperada' de formar sistema europeu de defesa antiaérea

O Escudo Europeu Skyshield, apesar de já não ser uma ideia nova, enfrenta muitos obstáculos na sua criação, sendo uma delas a duvidosa eficácia contra mísseis de cruzeiro, defende um dos especialistas.

Na quinta-feira (13) 15 países europeus assinaram uma declaração para criar um sistema europeu de defesa antiaérea, chamado Escudo Europeu Skyshield, que deve melhorar a capacidade da OTAN de se defender contra ameaças aéreas e de mísseis em meio ao conflito na Ucrânia.

Os especialistas militares acreditam que os signatários europeus querem que este sistema de defesa seja uma alternativa ao sistema integrado de Defesa Antiaérea e Antimísseis Integrada (IAMD, na sigla em inglês), a fim de fortalecer sua autonomia militar.

"Este problema não é nada novo. Ele se manifesta periodicamente em forma de propostas para criar um Exército Europeu unido, ou para criar seu próprio sistema de defesa aérea unificado", disse o analista militar Aleksandr Khrolenko à RT.

Por sua vez, Yuri Knutov, tenente-coronel aposentado, acredita que a Alemanha e seus aliados terão que superar algumas dificuldades para criar um novo sistema de defesa aérea unificado.

"As dificuldades surgirão na fase de criação do posto de comando que administrará este sistema, pois terá que ser criado um novo sistema de automação unificado", comenta o especialista à RT.

"Talvez os europeus aproveitem a experiência americana e simplesmente comprem deles o tipo de complexos utilizados no sistema NORAD [Comando de Defesa Aeroespacial da América do Norte], que cobre o espaço aéreo dos EUA e do Canadá. Mas se os europeus decidirem criar tal sistema por conta própria, o processo pode levar até cinco anos", explica.

Segundo ele, a Alemanha liderou a iniciativa para se antecipar aos potenciais compradores de suas armas aos EUA.

Anteriormente, o jornal britânico Financial Times citou altos responsáveis ocidentais como dizendo que os Estados-membros da OTAN não têm sistemas de defesa aérea suficientes para atender às necessidades de Kiev, que Khrolenko atribuiu à insuficiente capacidade deles.

"Se esses países individualmente não possuem sistemas de defesa aérea que possam interceptar mísseis balísticos ou de cruzeiro, como podem se unir para criar algo mais eficaz do que podem fazer individualmente? Agora, no contexto da Ucrânia, fala-se constantemente de sistemas de defesa aérea e de mísseis de médio alcance ocidentais: Patriot, Nasams, IRIS-T. Mas eles são ineficazes contra os mísseis de cruzeiro russos", enfatizou o especialista.

Ele chamou isso de "uma tentativa desesperada" dos europeus de "reunir algo que possa supostamente os proteger".

"O mito do poder das armas ocidentais está desmoronando, e em seu lugar está a realização de que algo deve ser feito e que devemos estar unidos. No entanto, até agora tudo isso só existe no nível dos protocolos", resumiu Aleksandr Khrolenko.