WP: Zelensky é criticado por ucranianos por não os advertir contra a operação especial da Rússia

Vladimir Zelensky priorizou a economia e desvalorizou o bem-estar dos cidadãos ucranianos ao minimizar avisos americanos de que a Rússia começaria uma operação militar na Ucrânia, segundo o The Washington Post.

Vladimir Zelensky, presidente da Ucrânia, está enfrentando uma onda de críticas no país depois que ele admitiu em uma entrevista que foi advertido pelos EUA sobre os planos da Rússia de lançar uma operação militar especial, informou na sexta-feira (19) o jornal The Washington Post (WP).

Zelensky defendeu que as autoridades do país decidiram não avisar antecipadamente sua população sobre o início do conflito, pois tal passo teria atingido a economia do país e criado o caos entre os cidadãos.

"Se tivéssemos comunicado isso [...] e isso é o que algumas pessoas, que não vou citar, queriam, então eu teria perdido US$ 7 bilhões [R$ 36,31 bilhões] por mês desde outubro passado, e no momento em que os russos realmente atacaram, eles nos teriam tomado em três dias", argumentou ele.

O WP relatou uma reação negativa na Ucrânia às declarações do mandatário.

"Muitos ucranianos abriram uma exceção à implicação de que Zelensky havia priorizado a saúde da economia sobre seu bem-estar, e sugeriram que muitas vidas poderiam ter sido salvas se o governo tivesse preparado adequadamente a população para a guerra", escreve o jornal.

Como exemplo, a mídia citou Sevguil Mousaeva, editora-chefe do portal Ukrainskaya Pravda, que estava "ofendida pessoalmente" pelas observações de Zelensky, que "questionou a inteligência" dos ucranianos. Ela acrescentou que o custo potencial para a economia referido deve ser pesado contra as vidas perdidas, a rápida aquisição russa de partes do sul da Ucrânia e o medo da população civil.

Como ela escreveu, o nível de indignação com o líder ucraniano é sem precedentes e representa talvez "a primeira crise de comunicação séria" para Zelensky.

Bogdan Butkevich, jornalista ucraniano, também criticou as ações do presidente, que "não quis colocar o país em posição militar porque tinha medo de perder poder".