Kremlin comenta pedidos para banir russos da União Europeia: 'não cheiram muito bem'

Proibir turistas russos de entrarem no bloco não vai resultar em nada, diz Moscou.

Propostas para parar de emitir vistos de turismo da União Europeia (UE) para cidadãos russos "não cheiram muito bem" e não vão ter sucesso, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, nesta terça-feira (9).

A mais recente tentativa de punir Moscou por sua operação militar especial na Ucrânia, que está sendo conduzida por nações como Finlândia e Estônia, "só pode ser vista negativamente", disse ele. "Quaisquer propostas desse tipo estão destinadas ao fracasso".

Peskov apontou que são os Estados que já foram considerados "hostis" por Moscou que estão fazendo tais sugestões. "Muitos países simplesmente perdem o senso de realidade em sua hostilidade", disse.

No entanto, o porta-voz do Kremlin expressou esperança de que "o bom senso prevaleça e aqueles que fizeram tais alegações reconsiderem".

As declarações de Helsinque e Tallinn seguiram um apelo do presidente ucraniano, Vladimir Zelensky, para que todos os cidadãos russos fossem proibidos de viajar para o Ocidente por pelo menos um ano. Os russos devem "viver em seu próprio mundo até que mudem sua filosofia", disse Zelensky ao Washington Post na segunda-feira (8).

O líder ucraniano insistiu que era aceitável responsabilizar uma nação inteira pelas decisões de seu governo e sugeriu que os cidadãos russos que agora vivem na Europa e nos EUA deveriam ser deportados.

De acordo com Peskov, as propostas de banimento dos russos da UE "não cheiram muito bem" e o lembram "das declarações que vinham do coração da Europa há cerca de 80 anos".

O ex-presidente russo Dmitry Medvedev expressou uma opinião semelhante quando comentou as alegações feitas por Zelensky em sua entrevista nesta terça-feira (9).

"Adolf Hitler tentou implementar ideias como estas sobre um povo inteiro [...] Ainda há dúvidas sobre a natureza das autoridades ucranianas?", declarou o ex-presidente russo.

Medvedev estava se referindo ao extermínio de grupos de pessoas supostamente indesejáveis, incluindo judeus, ciganos, deficientes físicos e comunistas, na primeira metade do século XX pela Alemanha nazista.