Memória genética é chave para explicar casos assintomáticos da COVID-19, dizem cientistas

© REUTERS / Lim Huey TengProfissionais de saúde seguram rosas oferecidas por cidadãos em um centro de testes para a COVID-19 na Malásia, 25 de janeiro de 2021
Profissionais de saúde seguram rosas oferecidas por cidadãos em um centro de testes para a COVID-19 na Malásia, 25 de janeiro de 2021 - Sputnik Brasil
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Novo estudo sugere que o sistema imunológico dos infectados pela COVID-19 pode depender de anticorpos gerados durante infecções de coronavírus anteriores na luta contra a doença.

Cientistas da Universidade do Norte do Arizona (NAU, na sigla em inglês) e do Instituto de Investigação Genômica Translativa (TGen, na sigla em inglês), ambos nos Estados Unidos, tentam entender como outros coronavírus ativam nosso sistema imunológico, dado que existem pelo menos seis outros tipos de CoVs (coronavírus).

Durante a pesquisa, os cientistas estudaram detalhadamente como funciona a resposta dos anticorpos, de acordo com estudo publicado na revista Cell Reports Medicine.

"Nossos resultados sugerem que a COVID-19 pode acordar uma resposta de anticorpos que já existiam nos humanos antes da pandemia atual, o que significa que poderíamos ter algum grau de imunidade preexistente ao vírus", segundo informo o dr. John Altin do TGen e principal autor do estudo.

Os pesquisadores usaram uma ferramenta chamada PepSeq para mapear com precisão as repostas dos anticorpos de todos os coronavírus. PepSeq é uma tecnologia inovadora que está sendo desenvolvida pelo TGen e pela NAU, e que permite construir diversos grupos de peptídeos (cadeias curtas de aminoácidos) ligados a marcadores de DNA.

Após ter combinado essas cadeias curtas de aminoácidos com sequência da DNA de alta eficiência, os cientistas conseguiram estudar com profundidade a resposta dos anticorpos ao vírus.

"Os dados obtidos usando PepSeq permitiram ampla caracterização da resposta de anticorpos em indivíduos recém-infectados pelo SARS-CoV-2 quando comparado a indivíduos expostos apenas a coronavírus anteriores que são comuns na população humana", disse dr. Jason Ladner do Instituto de Micróbios Patogénicos e Microbiomas da NAU.

Reação cruzada

Além disso, os cientistas examinaram as reações de anticorpos gerados por infecções de outros seis coronavírus, são eles: MERS-CoV, SARS-CoV-1 e os coronavírus humanos NL63, 229E, OC43 e HKU1.

Os dois primeiros vírus são potencialmente mortais e os últimos quatro representam tipos de vírus endêmicos que não costumam representar perigo, somente causam infecções leves das vias respiratórias superiores, semelhante a um resfriado comum.

Comparando os padrões de reatividade destes diferentes tipos, os pesquisadores descobriram que o vírus SARS-CoV-2 poderia convocar anticorpos do sistema imunológico gerados para responder a infecções anteriores.

Este fenômeno é conhecido como reação cruzada e é produzido em dois locais dentro da proteína S do vírus SARS-CoV-2. A proteína S se encontra na superfície do vírus e se liga às proteínas ACE2 humanas para facilitar sua entrada no organismo e infectá-lo.

"Posteriormente, demostramos que estes anticorpos de reação cruzada se juntam preferencialmente aos peptídeos endêmicos do coronavírus, o que sugere que a resposta ao SARS-CoV-2 nestas regiões pode estar limitada pela exposição previa ao coronavírus", afirmou o dr. Altin.

Futuro do estudo

Os cientistas norte-americanos acreditam que o estudo ajudará a projetar novos diagnósticos, avaliar o poder curativo do plasma dos recuperados e desenvolver novos tratamentos terapêuticos.

O mais importante é que os novos resultados contribuirão também para o desenvolvimento de futuras vacinas ou terapias capazes de proteger contra as mutações do vírus, destacaram os pesquisadores.

O conhecimento das reações cruzadas poderia ajudar a entender por que os pacientes com COVID-19 mostram respostas imunológicas tão diferentes enfrentando a doença, inclusive a ausência de sintomas em casos assimtomáticos.

É possível que os anticorpos preexistentes identificados pelo estudo permitam explicar o contraste na gravidade da infecção de pessoas de idade avançada frente aos jovens, existe a probabilidade dos idosos mostrarem registros de saúde diferentes por infecção de coronavírus anteriores.

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