A descoberta, da autoria de uma equipe internacional de geólogos, está publicada na edição de quarta-feira (11) da revista Nature, e revela novos dados importantes sobre a origem dos oceanos e da vida na Terra.
A vida na Terra afinal surgiu de forma rápida
Cientistas encontraram provas de que uma grande parte dos elementos essenciais para a formação dos oceanos e da vida - como a água, o carbono e o nitrogênio – chegou em uma fase muito tardia do processo de formação da Terra e não no início como se pensava.
O estudo pontua que, por exemplo, a água somente surgiu no nosso planeta quando a formação da Terra já estava quase concluída.
Ancient rocks from Greenland have shown that the elements necessary for the evolution of life did not come to Earth until very late in the planet’s formation – much later than previously thought.
— 💧Lisa 🦂💜✌ (@witch_lisa) March 12, 2020
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Rochas antigas da Groenlândia mostraram que elementos necessários para a evolução da vida só chegaram à Terra muito mais tarde do que se pensava
Elementos voláteis como a água têm origem em asteroides, continuando a comunidade científica por não chegar a uma conclusão unânime como teriam esses corpos rochosos e metálicos chegado à Terra.
O geólogo Mario Fischer-Godde, do Instituto de Geologia e Mineralogia da Universidade de Colônia, na Alemanha, que liderou a pesquisa, considera que agora somos "capazes de definir o período de tempo com mais precisão".
As rochas recolhidas em um manto rochoso que permaneceu intacto durante quase toda a história do planeta azul "permitem ver a história inicial da Terra como se fosse através de uma janela", acrescentou.
"Comparamos a composição das rochas mais antigas, de aproximadamente 3,8 bilhões de anos, com a composição dos asteroides a partir dos quais se formaram, e com a composição do manto da Terra atual", detalhou Fischer-Godde.
Para compreender o processo temporal, os pesquisadores recorreram à análise isotópica de um raro metal de platina chamado rutênio, que o manto Arqueano da Terra continha e que funciona como uma impressão digital genética.
Temos vizinhos no Universo?
O professor Martin Van Kranendonk, cientista australiano e membro da equipe, opina que a importância da descoberta reside não somente no seu interesse para a compreensão das origens da Terra como para sabermos se, de fato, estamos sozinhos ou se temos vizinhos no Universo.
A demonstração de que " a vida começou em nosso planeta surpreendentemente rápido, em apenas algumas centenas de milhões de anos e não em um bilhão como se pensava, nos dá esperança de encontrar vida em outros planetas com uma história geológica e um período de condições quentes e úmidas mais curto que a Terra, porque se a vida teria começado rapidamente aqui, então talvez tenha começado rapidamente em outro lugar", acrescentou.
As novas descobertas são o resultado da colaboração entre cientistas da Alemanha, Dinamarca, Reino Unido, Austrália e Japão.
Os cientistas estão planejando viagens de campo complementares à Índia, noroeste da Austrália e Groenlândia para investigar mais amostras de rochas.