Quão diferente é estratégia dos EUA na Venezuela se comparada à usada em outros países?

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Após o fracasso da operação de entregar ajuda humanitária pelos territórios da Colômbia e do Brasil à Venezuela em 23 de fevereiro, teve mídia que disse que os EUA planejam nesta semana pressionar ainda mais o governo do presidente venezuelano, Nicolás Maduro.

Na noite de quinta-feira (21), por decisão de Maduro, a fronteira venezuelana com o Brasil foi completamente fechada, e na sexta-feira (22), a vice-presidente venezuelana, Delsy Rodríguez, anunciou o fechamento temporário de três pontes que ligam a Venezuela à Colômbia.

A Sputnik discutiu os recentes acontecimentos na Venezuela com Alan McPherson, professor de história e diretor do Centro de Pesquisa da Força e Diplomacia da Universidade Temple (EUA). De acordo com Alan McPherson, a atual política dos EUA em relação à Venezuela tem novas particularidades e, ao mesmo tempo, algo que já foi repetido pelos Estados Unidos muitas vezes durante intervenções nos assuntos da América Latina.

"Os Estados Unidos lideraram mudanças de regimes na América Latina durante séculos, e muitas de suas ações foram bem-sucedidas […] A meta verdadeira deles, aparentemente, seria o atingimento de fornecimento estável de petróleo ao mercado norte-americano, mas eles usam a fachada da democracia e dos direitos humanos", afirmou McPherson.

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Segundo o especialista, as atuais ações dos EUA podem ser chamadas de multilaterais e pacíficas, o que é uma inovação importante. De fato, no século XX, quase todas as intervenções eram unilaterais, ou seja, os esforços eram apenas norte-americanos, e essas intervenções eram, em geral, militares e violentas.

"Os EUA enviavam fuzileiros navais em barcos de artilharia. Desde os anos 1990, os EUA quase sempre agiram multilateralmente com outros países da América Latina, com tropas de todo o mundo, com organizações multilaterais como a OEA ou a ONU. E parece que agora eles estão fazendo algo semelhante, embora estejam claramente em posição de liderança."

Além disso, o historiador observou que, frequentemente, as consequências da intervenção dos EUA nos assuntos de países latino-americanos não foram tão graves como poderiam ser. Para relembrar, na guerra entre México e EUA na década de 1840, os norte-americanos anexaram quase todo o norte mexicano.

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Especialista indica que EUA, em grande parte, limitam-se a tentativas de mudar o regime e, nos últimos 50 a 60 anos, mudaram governos na Guatemala, Granada e Panamá. Às vezes, dessa forma, eles garantiram democracia, mas, às vezes, estabeleceram ditadura, acrescentou o historiador.

McPherson opinou como seria possível evitar intervenção americana nos assuntos da Venezuela, destacando que a forma mais imediata de evitar seria através dos esforços dos países da região. Ele destacou que um grande número de países latino-americanos não quer intervenção aberta, e importantes países da região, como o México, estão tentando intermediar.

"Agora, infelizmente, o governo Maduro não está interessado em negociar, mas não interferir é a pedra angular da diplomacia interamericana e, portanto, geralmente, se houver uma oportunidade de encontrar um outro caminho para alcançar um compromisso pacífico, os países latino-americanos impedem qualquer intervenção militar", opinou.

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O interlocutor da Sputnik não deixou de ressaltar que vários países latino-americanos apoiaram as ações dos EUA, acrescentando que houve grandes mudanças na política dos países da América Latina nos últimos anos e, em países grandes como Argentina, Brasil e Colômbia, chegaram ao poder governos de direita, e para eles a intervenção não é um problema sério.

"Isso não significa que qualquer país queira uma intervenção militar americana ou multilateral, eles apenas reconheceram a presidência de Guaidó, o que não significa a necessidade de mudança de regime e, claro, de intervenção. Mas, sim, o fato de tantos países terem escolhido uma presidência alternativa é uma coisa sem precedentes. Eu acho que isso mostra uma crise de vários anos vivida na Venezuela", acrescentou.

Segundo McPherson, a crise humanitária venezuelana existe há muito tempo, portanto a presença de assistência na fronteira e os problemas que ela causa são mais políticos do que humanitários, porque chegou a hora de pressionar Maduro, levando em conta o autoproclamado presidente Guaidó.

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"É provável que o nível de violência na fronteira aumente, e acho que essa é uma das razões da presença de ajuda lá — para provocar uma reação de Maduro e de suas tropas e, portanto, tentar pressioná-lo ainda mais em um contexto violento. Anteriormente foi mencionada a Síria, e a Venezuela pode se tornar outra Síria, onde o regime de Maduro continuará sendo e se tornará mais violento."

McPherson concluiu que nesse caso, pode acontecer que os Estados Unidos e alguns países da Europa venham a tentar derrubar alguns líderes militares, o que aumentará significativamente a probabilidade de mudança de regime, e não apenas a violência na fronteira.

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