Bolsonaro pode impulsionar onda conservadora na América Latina, diz cientista político

© Foto / Fernando Frazão/Agencia BrasilJair Bolsonaro (PSL) concede entrevista ao recebe homenagem durante evento com lutadores de jiu-jitsu no Rio de Janeiro
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Muitos países da América Latina são um terreno fértil para o surgimento, consolidação ou expansão de atores políticos semelhantes ao presidente eleito do Brasil, Jair Bolsonaro (PSL), disse o analista chileno Claudio Fuentes à Sputnik Mundo.

"Há condições em muitos países para o surgimento de posições mais conservadoras, sociedades mais polarizadas e esta agenda Bolsonaro é procurada, e acredito que este será o futuro de muitos países da região", explicou Fuentes.

Casos como o de José Antonio Kast no Chile, que obteve quase 8% dos votos nas eleições presidenciais no final de 2017, poderão se beneficiar do presidente do PSL.

"Kast buscou tomar esse bonde [de Bolsonaro] e depois legitimar as posições mais radicais sobre algumas questões, principalmente na questão de costumes, como a homossexualidade e outros", explicou o cientista político.

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Segundo Fuentes, Kast tem posições "muito parecidas" com as de Bolsonaro mesmo antes do surgimento da figura do presidente eleito do Brasil; mas sua vitória, afirmou, "contribui para dar legitimidade ou maior viabilidade política" ao político chileno.

Uma semana antes do segundo turno, Kast se encontrou com Bolsonaro no Rio de Janeiro. 

Ordóñez na Colômbia

Embora sem a relevância de Kast no Chile, países como a Colômbia também têm seus atores políticos cujas ideias e propostas estão mais próximas de quem será o sucessor de Michel Temer na maior nação da América do Sul.

É o caso do atual embaixador da Colômbia junto à Organização dos Estados Americanos (OEA), Alejandro Ordóñez, nomeado pelo presidente Iván Duque em agosto passado.

Além de suas posições contrárias à interrupção da gravidez e do casamento e adoção por pessoas do mesmo sexo, o ex-Procurador Geral da Nação (2009-2016) tem em seu registro ter participado em 1985 de uma queima pública de livros na cidade de Bucaramanga.

Entre os volumes incinerados estavam obras do escritor colombiano Gabriel García Márquez, Prêmio Nobel de Literatura em 1982, e os filósofos Jean-Jacques Rosseau e Karl Marx.

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A nomeação de Ordóñez, um colaborador próximo do ex-presidente Álvaro Uribe (2002-2010), foi fortemente criticada.

"Duque nomeou como nosso embaixador na OEA um homofóbico, anti-semita e fascista", escreveu o atual senador Gustavo Petro, que na última eleição foi derrotado pelo atual presidente.

Dias atrás, Ordóñez foi identificado como a possível fonte da informação publicada pelo jornal Folha de São Paulo, na qual autoridades do governo colombiano alegaram que Bogotá apoiaria o Brasil se este país optasse por intervir militarmente na Venezuela.

O ex-procurador-geral da Colômbia negou fazer tais alegações.

Centro esvaziado

O surgimento ou expansão de figuras situadas na "extrema-direita" do espectro político responde a um "enfraquecimento" das posições centrais, que estão "muito mal" em termos eleitorais, explicou Fuentes, autor de inúmeros livros sobre política.

O especialista também disse que os seguintes fenômenos ajudam a explicar o novo momento político da região: a crise de segurança pública e a perda de influência da Igreja Católica para "grupos religiosos mais conservadores".

Fuentes ressaltou que as eleições presidenciais do Brasil foram "particularmente bem observadas" pelos partidos políticos chilenos, especialmente pelos grupos de direita e de centro-direita.

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A vitória de Bolsonaro "gera todo um debate dentro da direita em relação a posições mais moderadas, mais de liberais de direita, contra essas posições mais radicais e conservadoras", disse Fuentes.

O triunfo do ex-militar "teve um impacto no debate político sobre que tipo de direita deve governar", acrescentou, afirmando que é uma discussão que se estende por toda a região.

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