Geórgia contava com ajuda dos EUA na agressão contra Ossétia do Sul?

© Sputnik / Maksim Avdeev / Acessar o banco de imagensPosto de controle criado para prevenir saídas não autorizadas dos ossetos para a Geórgia perto de Tskhinval, 16 de agosto de 2008 (foto de arquivo)
Posto de controle criado para prevenir saídas não autorizadas dos ossetos para a Geórgia perto de Tskhinval, 16 de agosto de 2008 (foto de arquivo) - Sputnik Brasil
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Em entrevista à Sputnik, o ex-ministro das Relações Exteriores da Abkházia, Sergei Shamba, revela detalhes pouco conhecidos dos acontecimentos de agosto de 2008, quando ocorreram ações militares na Ossétia do Sul e seguidamente o reconhecimento da independência da Abkházia e Ossétia do Sul por parte da Rússia.

Segundo Sergei Shamba, o governo georgiano contava com que os EUA e a OTAN interviessem na sua operação militar contra a Ossétia do Sul lançada há dez anos.

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"Eles [georgianos] esperavam que os americanos ou a OTAN bombardeassem o túnel de Roksky e não deixassem passar a tempo as tropas russas ", ressaltou o ex-ministro.

Ele adicionou que a Geórgia contava com alguma ajuda externa militar, e não política, caso contrário não se atreveriam a atacar a Ossétia do Sul.

Shamba também citou uma conversa tida nos anos 90, e descrita nas memórias de uma testemunha, entre o então presidente norte-americano, George H. W. Bush, e o presidente georgiano Zviad Gamsakhurdia. Este pediu uma reunião e disse: "Senhor presidente, a Rússia é um colosso com pés de barro, basta empurrar e ela vai colapsar. Estamos prontos para o fazer, só precisamos que nos prestem ajuda." No entanto, o líder norte-americano lhe respondeu que muitos nos EUA poderão gostar dessas palavras, mas quanto se tratar de ações reais contra a Rússia, ninguém lhes daria apoio.

Shamba opina que os falcões estadunidenses, como John McCain, apoiavam o então presidente georgiano, Mikhail Saakashvili, mas quando os confrontos se tornaram reais, ninguém se decidiu a intervir.

Os norte-americanos, de acordo com o ex-chanceler, pensavam que as tropas georgianas fossem avançar sem sua ajuda e que poderiam intervir depois.

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"Acho que eles [os norte-americanos] contavam com que os georgianos conseguissem fazer algo. […] Depois, talvez, também interviessem, começariam o processo de regulação", explicou.

Em 8 de agosto de 2008, a Geórgia invadiu a Ossétia do Sul e atacou com artilharia pesada a capital Tskhinval, que na época estava sob proteção das forças de paz russas, e outros povoados.

A Rússia enviou as suas tropas para proteger a população civil e, passados cinco dias de hostilidades, expulsou os militares georgianos, e nos finais de agosto reconheceu a independência das autonomias da Ossétia do Sul e da Abkházia.

Ambas as repúblicas também foram reconhecidas como Estados soberanos pela Nicarágua, Venezuela, Nauru e Síria.

Conforme ressaltou Shamba, é mérito de diplomatas nacionais que o país foi reconhecido por estes países, pois se focaram em regiões nas relações com as quais não há divergências. Por isso, as missões diplomáticas foram enviadas não à Europa e América do Norte, mas à América Latina, Ásia e Oceania.

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