EUA: programa nuclear de Israel não será discutido até que vizinhos árabes reconheçam país

© AP Photo / Oded BaliltyBandeira israelense com a Cidade Velha de Jerusalém em fundo, 6 de dezembro de 2017
Bandeira israelense com a Cidade Velha de Jerusalém em fundo, 6 de dezembro de 2017 - Sputnik Brasil
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No início desta semana, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, abordou a questão das armas nucleares no Oriente Médio, acusando o Irã de ser "o único país que está mudando as regras na região", encorajando, assim, outras nações a recorrer a armas nucleares.

Segundo o jornal israelense Haaretz, o governo do presidente Donald Trump decidiu que Israel não deveria ser forçado a considerar o abandono de suas supostas armas nucleares sem o reconhecimento de todas as nações do Oriente Médio ao direito de existência do Estado judeu.

Apesar de Israel não ser signatário do Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares (TNP), o país tem afirmado repetidamente que a questão das armas nucleares não pode ser dissociada das questões de segurança no Oriente Médio, incluindo as relações historicamente hostis de Tel Aviv com seus vizinhos árabes. Israel também afirmou que alguns dos signatários – Irã, Síria e Líbia – não estão cumprindo o tratado e tentaram desenvolver programas nucleares.

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O Egito, por exemplo, tentou fazer com que a comunidade internacional discutisse as supostas armas nucleares de Israel por meio de resoluções – os Estados Unidos bloquearam, em 2015, a pressão dos egípcios de estabelecer uma região livre de armas nucleares sem discutir questões regionais de segurança.

Na semana passada, Washington expressou sua adesão a um Oriente Médio sem armas nucleares e, de certo modo, adotou a posição de Israel ao submeter dois documentos ao Comitê Preparatório de Genebra para a Conferência de Revisão do Tratado de Não Proliferação Nuclear de 2020.

"Lamentavelmente, os esforços para progredir foram dificultados por diferenças conceituais entre os Estados da região com relação ao estabelecimento dessa zona e a má vontade de alguns Estados da região em debater construtivamente essas diferenças. Ao invés de discutir sobre essas questões diretamente com seus vizinhos, alguns países procuram usar o ciclo de revisão [tratado] como uma forma de forçar a ação, incluindo a tentativa de impor condições que não poderiam chegar a um consenso entre os países da região. Esses esforços são equivocados e improdutivos", cita o documento.

Nesses documentos, os Estados Unidos também lembraram as negociações de 2012 sobre o estabelecimento de uma zona livre de armas nucleares no Oriente Médio, realizada pela Finlândia, afirmando que as negociações sobre armas nucleares deveriam ter sido abordadas juntamente com certas questões políticas e de segurança na região.

"A região do Oriente Médio sofre de uma persistente e bem documentada falta de confiança entre os Estados regionais devido a décadas de instabilidade, conflito armado e divisão por motivos políticos. Esforços para construir confiança e otimismo na região são significativamente complicados devido à recusa de vários Estados regionais de reconhecer e envolver Israel como um Estado soberano e, em vez disso, desencadeiam ações divisórias para isolar Israel sempre que possível", relata o documento.

Estados Unidos destacaram que Iraque, Irã, Líbia e Síria adotaram programas não declarados de armas nucleares, reiterando assim a posição de Israel.

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"A falta de confiança na região é ainda mais exacerbada por um legado de descumprimento persistente e contínuo na região com a obrigação relacionada com as armas de destruição em massa. O Irã, em particular, continua a se engajar em extensas atividades desestabilizadoras em toda a região", acrescenta.

No início desta semana, Benjamin Netanyahu anunciou que Israel havia coletado provas, supostamente revelando mentiras do Irã sobre seu programa nuclear depois de assinar o revolucionário acordo nuclear em 2015.

Acredita-se que Israel tenha armas nucleares, apesar de Tel Aviv não ter confirmado nem negado ser uma potência nuclear. Estima-se que o país possua de 75 a 400 ogivas nucleares, assim como vários mecanismos de distribuição de armas nucleares.

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