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O que está por trás da polarização da sociedade brasileira após sentença de Lula?

© AFP 2023 / Miguel SchincariolLuiz Inácio Lula da Silva, ex-presidente do Brasil, com seus apoiadores antes de se entregar à polícia
Luiz Inácio Lula da Silva, ex-presidente do Brasil, com seus apoiadores antes de se entregar à polícia - Sputnik Brasil
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A recente prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva polarizou opiniões e gerou controvérsias no cenário político latino-americano. Para lançar luz ao assunto, a Sputnik Mundo falou com Felipe Oliveira, doutorando do Programa de Integração da América Latina (PROLAM) da Universidade de São Paulo.

Em 7 de abril, o mundo testemunhou a prisão do ex-presidente brasileiro. Dois dias antes, depois de ter sido determinado o prazo da sua prisão até 17h do dia 6 de abril, Lula se refugiou no seu berço político, Sindicato dos Metalúrgicos.

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A saída do ex-líder do Brasil ocorreu somente na noite de 7 de abril, após realização da cerimônia religiosa em memória da sua esposa, Marisa Letícia, que faleceu um ano antes. Após um ato de ecumênico e discurso aos presentes, Lula anunciou que vai se entregar à polícia.

Ao comentar o ocorrido, o especialista Felipe Oliveira recordou que a decisão de Lula de se entregar contrariou a muitos presentes que lhe apelaram para que resistisse à prisão por considerarem irregular o seu julgamento.

À porta da delegacia onde Lula pretendia cumprir a prisão, concentravam-se dois grupos distintos. Os solidários a Lula consideravam sua prisão injusta, os demais — apoiavam a sentença.

Felipe Oliveira comentou: "No momento atual, as pessoas presentes à porta da delegacia, mais do que apoiar ou se opor à prisão, parecem representar o momento atual que vive a sociedade brasileira, parecem representar uma crescente e exponencial polarização política no país, reduzindo o campo da luta política a apenas duas possibilidades."

De um lado estavam aqueles que gostam de tudo o que foi feito por Lula e pelo seu Partido dos Trabalhadores. Do outro lado estavam aqueles que são contra Lula, que veem sua política como "populista e clientelista, um cínico disfarce para constituir um dos maiores (senão o maior) esquema de corrupção do país".

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No entanto, sublinhou que a realidade é um pouco mais complicada e que, para perceber melhor o que está acontecendo, é preciso analisar os momentos centrais do governo de Lula e seu partido.

"É sempre bom lembrar que Lula em seu governo também realizou uma Reforma da Previdência que retirou direito dos trabalhadores", lembra adicionando que atualmente Michel Temer e os que governam insistem em reformas a fim de diminuir o custo do Estado, como Reforma da Previdência.

Além do mais, Oliveira comentou que entre outros vários aspectos da Presidência de Lula que levaram à situação atual, destacam-se dois: "O primeiro é relativo aos seus aliados. No Brasil temos uma elite retrógrada, um ranço da colonização e 300 anos de escravidão e da situação de dependência do país frente às grandes economias. Para governar, Lula se aliou ao que existe de mais atrasado na política nacional, um grupo que, em um momento de crise econômica, não hesitou em atacar e retirar a presidente Dilma do poder."

Para ele, o segundo aspecto é o fato de Lula, durante o processo de impeachment de Dilma Rousseff, ter destacado que o setor mais rico do país nunca ganhou tanto como no seu governo.

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Entretanto, Felipe Oliveira ressalta que "dentro da situação de aparente polarização da sociedade brasileira, é falsa a ideia alardeada pelo setor pró-Lula de que ele governou para os pobres, contra os interesses das elites e por isso está sendo atacado".

Oliveira apontou que a existência de críticas é crucial para construir um futuro melhor para o Brasil que hoje em dia se encontra em uma encruzilhada e em circunstâncias que pedem para seguir adiante: "é preciso fazer uma dura análise sobre a situação que precedeu o momento atual, mesmo que isso implique em criticar uma liderança popular da grandeza de Lula."

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