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Especialista: EUA podem gerar 'guerra desenfreada' com seu protecionismo

© AP Photo / Natacha PisarenkoMinistros das Finanças e presidentes dos Bancos Centrais reunidos no encontro do G-20 em Buenos Aires
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Terminou nesta terça-feira, em Buenos Aires, Argentina, a reunião do G-20, grupo das 20 economias mais avançadas do mundo, com a União Europeia atuando como bloco, que teve como principal tema a crescente onda protecionista pelo mundo.

O encontro, que teve como participantes os ministros das Finanças (da Fazenda, no caso do Brasil) e presidentes dos Bancos Centrais dos Estados envolvidos, abordou questões como a regulação das chamadas criptomoedas ou moedas virtuais (bitcoins e congêneres), financiamento para infraestrutura e taxação de empresas que operam exclusivamente pela Internet. Mas o assunto principal do evento foi, sem dúvidas, o protecionismo internacional, acentuado pela recente decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de sobretaxar em 25% o aço e em 10% o alumínio importados pelo país.   

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Em entrevista à Sputnik Brasil, a advogada Renata Amaral, especialista em Direito do Comércio Internacional, diretora da Barral M Jorge Consultoria e idealizadora do movimento Women Inside Trade Brasil, descreveu o protecionismo como uma medida que, além de nada acrescentar, é altamente prejudicial para todas as partes, tanto exportadores quanto importadores:  

"O protecionismno não é bom para ninguém. Nossa percepção, muito clara, é de que o protecionismo não favorece ninguém. Devemos lembrar que, após a Segunda Guerra Mundial, tivemos a criação de entidades como a Organização das Nações Unidas, do GATT (Acordo Geral sobre Comércio e Tarifas), que precedeu a OMC (Organização Mundial do Comércio), e outras entidades internacionais de relevo como o Banco Mundial e o FMI (Fundo Monetário Internacional), todas elas com objetivo claro de respaldar as relações políticas e comerciais entre os países. Então esse recrudescimento do protecionismo que temos observado nos últimos anos e, muito significativamente, nas últimas semanas, com a decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de sobretaxar o aço e o alumínio importados, preocupa muito porque o resultado disso é a criação de uma nova geografia do comércio internacional e governança global."

De acordo com Amaral, a sobretaxação dos metais por parte do governo de Donald Trump terá como um dos maiores perdedores o próprio consumidor norte-americano, uma vez que a medida vai encarecer toda a cadeia comercial para quem for pagar pelos seus custos. Outra consequência negativa disso, para ela, é a possibilidade de outros governantes decidirem seguir pelo mesmo caminho. 

"Quando um país forte como os Estados Unidos toma medidas contrárias aos princípios da Organização Mundial do Comércio, adotando posições protecionistas, o que ele está fazendo é estimular outros países a também seguir por este caminho. Ora, isso pode gerar uma guerra desenfreada que ninguém sabe como termina", disse ela.

Indo além, a especialista afirma que as recentes medidas tomadas por Washington, prestes a entrar em vigor, contradizem o histórico de decisões de várias administrações anteriores na Casa Branca:

"Donald Trump tem um poder muito grande nas mãos. A economia dos Estados Unidos é a mais forte do mundo ou, pelo menos, está entre as mais fortes do mundo, e é muito contraditório o que ele está fazendo. Se você olhar para trás, para a história recente, verá que nos últimos 70 anos, os Estados Unidos representam o país que mais estimulou o multilateralismo e o livre comércio entre as nações. Esse país sempre foi um dos maiores defensores das instituições mundiais criadas após a Segunda Guerra. Então, tudo o que Donald Trump tem feito desde que assumiu a presidência é muito contraditório com a própria história do seu país."

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Encerrada hoje, a reunião do G-20 em Buenos Aires também foi marcada por revelações importantes do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Instituto Internacional de Finanças (IIF, na sigla em inglês). Tim Adams, presidente desta instituição que reúne os 500 maiores bancos do mundo, informou aos participantes que as práticas protecionistas estão aumentando não só nos Estados Unidos, mas também em vários outros países. Segundo ele, apenas em 2017, foram adotadas 700 medidas protecionistas pelo mundo.

O encontro do G-20 na Argentina foi considerado preparatório para a grande reunião de líderes que acontecerá em novembro, desta vez com a participação dos chefes de Estado e governo.

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