Bomba atômica poderia ter salvado Iugoslávia da desintegração

© AP Photo / HWG Presidente norte-americano, Richard Nixon, o seu homólogo iugoslavo, Josip Broz Tito, e suas esposas perto da Casa Branca, Washington, EUA, 1971
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O país então governado pelo líder Josip Broz Tito possuía na década de 70 todas as capacidades para entrar no "clube nuclear". A Iugoslávia contava até mesmo com sua reserva de urânio. O que teria dado errado?

Filip Kovacevic, professor da Universidade de São Francisco, acredita que a razão teria sido a ausência de interesse político da liderança do país que, em meio aos problemas de saúde de Tito, desejava independência das repúblicas soviéticas que faziam parte da República Socialista Federativa da Iugoslávia.

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Em fevereiro de 2016, Kovacevic solicitou à CIA que lhe apresentasse os documentos ligados ao programa nuclear iugoslavo. Depois de um ano de espera, ele recebeu 84 páginas com uma carta anexada, onde estava escrito que alguns dados não podem ser apresentados por razões de segurança nacional.

"Os documentos testemunham que logo após a Segunda Guerra Mundial, a Iugoslávia começou a cooperar com os EUA no desenvolvimento do programa nuclear, por exemplo, enviando estudantes para aprender disciplinas necessárias em universidades norte-americanas. Em 1952, cooperando com cientistas norte-americanos, no território iugoslavo foram descobertas duas jazidas de urânio – na Eslovênia e Macedônia. Em um dos documentos de 1979 foi registrado que em uma única jazida na Eslovênia se pode extrair 300.000 toneladas de urânio, o que é preciso para produção de 300 toneladas de óxido de urânio", disse Kovacevic.

O professor falou para a Sputnik Sérvia que nos documentos da CIA está claro que os serviços especiais norte-americanos sabiam muito bem sobre a situação na Iugoslávia, pois contavam com uma rede de informantes nas instituições do país. Mesmo assim, acrescenta o especialista, os EUA não poderiam ter influenciado nas decisões dos políticos iugoslavos de alto escalão.

Para ele, o jogo de Tito era "perfeito". Por exemplo, ele cooperava com o Ocidente e Oriente em conformidade com os interesses de Belgrado. Quando na década de 50 os norte-americanos se recusaram a vender um reator nuclear experimental à Iugoslávia, as autoridades do país compraram muito rapidamente da União Soviética. E nos finais dos anos 70 iugoslavos assinaram com a empresa norte-americana Westinghouse o acordo sobre a construção da primeira e única usina nuclear no país (território da Eslovênia).

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Nos documentos da CIA está claro que, em 20 anos, Belgrado deu um grande passo rumo ao "clube nuclear". Se em 1958 os norte-americanos pensavam que a Iugoslávia era desprovida de potencial para criação de armas nucleares, em um documento de 1975 diz-se o contrário – potencial existia, sim. Como explicou a fonte da Sputnik Sérvia, no documento chamado de "Perspectivas da proliferação nuclear" há uma conclusão: a Iugoslávia pode criar bomba nuclear até 1980.

Para concluir, o professor disse que tudo dependia somente da vontade política do então governo, onde Tito, por causa de problemas com saúde, já não liderava. Mas, pelo visto, "alguns membros do governo já viam o seu futuro não na Iugoslávia, mas como repúblicas independentes".

"Acredito que a existência de bomba nuclear poderia ter salvado a Iugoslávia do colapso sangrento e violento", adicionou Filip Kovacevic.

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