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Exclusivo: 'Reforço federal não contém violência no Rio'

© AP Photo / Silvia IzquierdoBombeiros trabalham contra as chamas em caminhão incendiado por bandidos
Bombeiros trabalham contra as chamas em caminhão incendiado por bandidos - Sputnik Brasil
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Com exclusividade para a Sputnik Brasil, Paulo Storani, professor de Ciências Policiais na Universidade Cândido Mendes, no Rio, e ex-instrutor do Bope, diz que as medidas de apoio solicitadas ao Governo Federal não serão suficientes para conter a violência no Rio.

O ministro da Justiça, Osmar Serraglio, anunciou nesta quarta-feira que o Governo Federal aumentará os efetivos da Força Nacional e da Polícia Rodoviária Federal no Rio de Janeiro a fim de proporcionar mais segurança à população.

A informação foi divulgada um dia depois da onda de violência que tomou conta da cidade e de municípios próximos, na Baixada Fluminense.

A Força Nacional no Rio conta com 125 integrantes e deverá ser reforçada por mais 100. Já o efetivo da Polícia Rodoviária Federal embora não informado, segundo o Ministro Serraglio será suficiente para atuar nas fronteiras do Estado.

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Além da Força Nacional e da Polícia Rodoviária Federal, o governador do Estado do Rio, Luiz Fernando Pezão, pediu ao Presidente Michel Temer que as Forças Armadas voltem a patrulhar o Rio e suas cidades próximas, em apoio às Polícias Civil e Militar.

Na terça-feira, 2, o Rio amanheceu sob o impacto de um cerco da criminalidade na Avenida Brasil, no bairro Cidade Alta e na Rodovia Washington Luiz, próximo ao município de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. O confronto dos criminosos com a Polícia Militar resultou na prisão de 46 pessoas e na apreensão de 32 fuzis e 6 pistolas. Mas, além disso, vários ônibus foram incendiados e barreiras foram colocadas nas pistas para impedir o tráfego de veículos.

Segundo o secretário estadual de Segurança Pública, Roberto Sá, as ordens para invasão da comunidade da Cidade Alta e da ocupação de trechos da Rodovia Washington Luiz vieram de chefes de facções criminosas que cumprem penas em presídios situados fora do Estado do Rio de Janeiro.

Para o antropólogo Paulo Storani, professor de Ciências Policiais na Universidade Cândido Mendes, no Rio, e ex-instrutor do Bope (Batalhão de Operações Especiais da Polícia Militar), as medidas de apoio do Governo Federal à Segurança Pública do Estado não serão suficientes para conter a violência no Rio e em cidades próximas.

Em entrevista exclusiva para a Sputnik Brasil, Paulo Storani observou:

"Não há no Brasil quem possa dispor de um efetivo de, digamos, 10 mil integrantes para enviar ao Rio de Janeiro e suprir essas necessidades de Segurança Pública. O que aconteceu na terça-feira no Rio é 'apenas' a manifestação de um problema. O problema no Rio não é só esse: ele é muito maior do que essas manifestações de violência que vêm ocorrendo."

Paulo Storani também sustenta que o Governo Federal tem grande parcela de responsabilidade pela violência que vem ocorrendo cada vez com mais intensidade nas cidades brasileiras:

"O Governo Federal, nos últimos 15 anos pelo menos, vem demonstrando total incompetência para tratar do problema de Segurança Pública, de uma forma sistêmica. Por sua missão constitucional, o Governo deveria cuidar de nossas fronteiras secas e molhadas, que é por onde entram o contrabando de armas e o tráfico internacional de drogas, e se traduz o poder de ação dessas organizações criminosas que atuam no Rio de Janeiro e em todo o país."

O ex-instrutor do Bope defende a atuação da Polícia Militar no combate à criminalidade no Rio:

"Apesar de todas as críticas que se fazem à instituição, apesar de todas as restrições que se apontam contra ela, de que a PM do Rio age com truculência, eu não hesito em dizer que, de um efetivo de 47 mil integrantes, pelo menos 17 mil estão afastados de suas funções, a maioria por enfrentar problemas ortopédicos, vítimas que foram de tiros disparados por bandidos. É esta mesma Polícia Militar que, embora muito criticada, foi rápida em levantar o cerco montado pelos bandidos, em desbloquear as vias públicas, em prender mais de 40 pessoas e em apreender 32 fuzis e outras armas como granadas, tudo isso apenas no confronto da terça-feira."

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O especialista também comenta as declarações do secretário estadual de Segurança Pública, Roberto Sá, de que as ordens para as ações criminosas no Rio partiram de internos de presídios situados em outros Estados:

"As pessoas precisam entender que essas organizações criminosas foram criadas dentro dos sistemas carcerários e que elas guardam conexões entre si. Imaginar que, preso, o indivíduo está isolado é um grande equívoco. Os criminosos corrompem funcionários públicos, contratam bons advogados e criam uma rede de proteção em torno deles, que os torna poderosos mesmo estando presos."

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