Alba reúne jornalistas de 23 países para defender mídia isenta na América Latina e Caribe

ENTREVISTA COM DARC COSTA 2 DE 29 02 16
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Discutir uma estratégia comum de defesa dos governos e movimentos populares na América do Sul contra os ataques midiáticos promovidos pelas multinacionais. Esta foi a pauta que reuniu jornalistas de 23 países na Venezuela, durante o Encontro Continental de Comunicação Popular, aberto no último dia 23 e encerrado neste domingo.

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O evento, promovido pela Aliança Bolivariana para os Povos da Nossa América (Alba Movimento), reuniu também representantes de quase 80 entidades sociais, que discutiram as melhores formas para a criação de uma rede de informação articulada que incentive a participação popular e a mobilização dos trabalhadores em todos os países latino-americanos em defesa de governos como os do Brasil, da Venezuela e da Bolívia.

Embora apoiando iniciativas como a da Alba Movimento, o presidente da Federação das Câmaras de Comércio e Indústria da América Latina, Darc Costa, questiona a eficácia de a discussão estar centrada na Alba – que reúne 8 países latino-americanos – e não na União de Nações Sul-Americanas (Unasul), que agrega 12 nações.

“A Alba é uma tentativa de se constituir um processo de integração na América Latina, processo que deverá ocorrer, mas tudo tem um tempo certo debaixo do sol. No momento atual, a inserção do Caribe na integração complica o processo. É preciso entender que essa é uma área de claro interesse da potência hegemônica, os Estados Unidos. O instrumento para trabalhar esse assunto é muito mais a Unasul do que a Alba, na medida em que a Unasul é espaço onde a América do Sul se faz presente, e a integração da América do Sul é muito mais viável do que a da América Latina.”

Segundo Costa, para se formatar o imaginário coletivo dos países da América do Sul e mostrar a importância da integração é necessária a montagem de uma estratégia de comunicação que lhe dê suporte.

“Caso os meios de comunicação se engajassem na tarefa de colimar o imaginário coletivo para o nosso interesse de integrar a América do Sul, nossa tarefa seria facilitada, mas dificilmente isso ocorrerá, dados os grandes interesses das corporações midiáticas no continente e a outros interesses subordinados a ditames externos que não veem com bons olhos a integração da América do Sul. Não pode ser uma comunicação direta, usando os meios de comunicação de massa, que vai atender aos interesses de integração. Tem que se construir uma estratégia de ação indireta.”

O aumento das críticas da mídia a esses governos já era uma estratégia esperada, diz Costa. Segundo ele, independentemente do governo, do tipo de ideologia, o interesse nacional dos países da região é a integração, até por um efeito de contraposição de um domínio da potência hegemônica.

“O problema todo não é uma questão ideológica ou partidária, como a mídia tenta colocar. Independentemente do que vier a acontecer, o interesse nacional está acima disso – buscar uma integração na América do Sul. Daí porque tanta crítica pesada ao Mercosul. Esse é um projeto que atrapalha o chamado projeto da Alca, a integração e subordinação dos interesses da América do Sul aos interesses da América do Norte. Não posso fazer uma discussão do que está acontecendo no Caribe, misturando isso com o que está acontecendo na Venezuela e na Bolívia. Em minha opinião, são coisas díspares.”

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Ao fim do encontro da Alba, foi divulgado um comunicado solicitando a todos os países que integram a associação que somem esforços contra os ataques midiáticos das transnacionais. O documento sublinha que “realizamos uma análise da conjuntura continental e refletimos que a ofensiva imperial se inscreve em uma crise civilizatória do capitalismo, baseada no aprofundamento de políticas extrativistas que favorecem a lógicas depredadoras. Os poderosos tomaram a iniciativa de fazer com que os povos paguem pela crise”.

O encontro também analisou a situação de vários países, emitindo nota de apoio à Argentina, onde, segundo os organizadores, se testemunha uma nova ofensiva neoliberal, que promove a repressão ao direito de livres manifestações. Além disso, o evento enfocou as consequências do referendo na Bolívia e os esforços do Equador em dar continuidade aos programas de participação popular, e defendeu o fim do embargo econômico imposto pelos Estados Unidos a Cuba.

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