'Sou aldeão, mas estou sendo pintado de cúmplice do Daesh' (EXCLUSIVO)

© AP Photo / Emrah GurelUm cartaz com uma imagem do presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, apresentado em Istambul, Turquia
Um cartaz com uma imagem do presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, apresentado em Istambul, Turquia - Sputnik Brasil
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Omer Bulur, acusado da propaganda do terrorismo e insulto do presidente turco Erdogan concedeu entrevista à Sputnik, explicando a sua postura em relação aos acontecimentos.

O presidente da Turquia Recep Tayyip Erdogan iniciou um processo criminal contra Omer Bulur.

O acusado é cidadão da cidade de Siirt (sudeste do país) que durante cerimônia de enterramento do seu primo Er Recep Beycur morto na explosão durante seu serviço no exército, gritou:

"Irmão mata irmão. Eu enviei o meu irmão vivo ao exército e agora recebo o seu cadáver. Que o presidente ouça isso!"

Estas palavras foram tomadas como o insulto sério contra Erdogan e propaganda do terrorismo. Sob estas dois acusações o tribunal pode decidir Bulur está culpado e condenar ele a 22 anos em prisão.

O acusado explicou a sua postura à Sputnik e disse:

“Eu não tinha planejado nada com antecipação, as minhas palavras foram um grito de dor. Se coloque no meu lugar. O que sentiria se em vez de um parente vivo que tinha enviado ao exército receberia o seu corpo no caixão?”.

O homem informou que 10 dias após o acontecimento a polícia o interrogou perguntando qual era o objetivo do que ele tinha dito. Depois disso, a ação penal foi iniciada. O entrevistado informou também de outra possível razão para inicialização do processo contra ele:

“Isso aconteceu porque eu postei na minha página do Facebook um texto com condolências, que a prefeitura da cidade divulgou após a morte de dois jovens na explosão na vila vizinha. É por isso que eu estou acusado de apoiar terrorismo e do Governo Regional do Curdistão. E eu tenho completamente nada a ver com qualquer partido político. Até o dia eu nunca fui processado”.

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Bulur sublinhou também que o fato que ele e o seu primo têm diferentes sobrenomes está ligado com certas tradições do sudeste turco, onde por razão de vingança de sangue parentes mudaram de sobrenomes para se proteger. E desmentiu as informações divulgadas por vários meios da comunicação, que sugerem que ele não tinha relação com o soldado morto e só queria provocar tumultos.

Omer Bulur também argumentou a sua inocência assim:

“Provocadores normalmente organizam uma provocação e depois dão na pista. Se eu fosse um membro do PKK [Partido de Trabalhadores do Curdistão] fugia para montanhas, se seria apoiador do Daesh [grupo terrorista proibido na Rússia] uniria às suas fileiras na Síria, Iraque e Líbia. E eu sou apenas um aldeão simples, do qual foi feito um demônio”.

Além disso, o entrevistado chamou ambas as partes do conflito ao cessar fogo.

Para compreender o contexto da situação cabe mencionar que o PKK, um dos grupos militarizados curdos na região, é considerado uma organização terrorista pela Turquia e pelos EUA. 

O Daesh, grupo terrorista proibido na Rússia e reconhecido como terrorista pelo Brasil autoproclamou-se "califado mundial" em 29 de junho de 2014, tornando-se imediatamente uma ameaça explícita à comunidade internacional e sendo reconhecido como a ameaça principal por vários países e organismos internacionais. 

Atualmente os jihadistas do grupo abrangem territórios no Iraque e na Síria, mantendo a instabilidade e fomentando conflitos.

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