Referendo na Bolívia poderá levar a mais uma reeleição de Evo Morales

© REUTERS / Bolivian Presidency/Handout via ReutersPresidente da Bolívia, Evo Morales
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O Parlamento da Bolívia aprovou a realização de um referendo que poderá permitir ao Presidente Evo Morales concorrer a um quarto mandato consecutivo, para o período de 2020 a 2025. O especialista Diogo Dario analisa o Governo Morales e as chances de mais uma reeleição “dessa figura quase mítica”.

O referendo está convocado para 21 de fevereiro de 2016. Então, os bolivianos vão ter que responder à pergunta: "Você está de acordo com a reforma do Artigo 168 da Constituição Política do Estado para que a presidenta ou presidente e a vice-presidenta ou vice-presidente do Estado possam ser reeleitas ou reeleitos por duas vezes de maneira contínua?" 

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De origem indígena, Evo Morales assumiu a Presidência da Bolívia em 2006, após vencer a eleição com 54% dos votos. Em seguida, saiu mais uma vez vitorioso, com 64%, confirmando-se na Presidência no período de 2010-2015. Depois, para o período 2015-2020, venceu com 60% dos votos.

Em entrevista exclusiva à Rádio Sputnik, o professor  de Relações Internacionais Diogo Dario considera que Evo Morales tem uma popularidade e um poder de articulação política muito grandes, por ter conseguido unir durante todo esse tempo na Presidência da Bolívia a tradição indígena com o movimento de trabalhadores.

“Em 2014 Evo não só se elegeu mas conseguiu fazer com que seu partido conseguisse dois terços da Câmara dos Deputados e do Senado, de forma que ele tem uma margem de manobra para fazer alterações constitucionais de forma muito extensa.”

Segundo Diogo Dario, hoje a oposição está claramente enfraquecida diante das sucessivas reeleições de Morales, e não consegue se articular para mudar o quadro político no país.

“A oposição tem fracassado diante das sucessivas reeleições de Evo Morales, tenta encontrar uma nova forma, uma forma de se articular para construir uma plataforma, uma agenda que apele não só às elites de Santa Cruz, que tradicionalmente votam nesses grupos que estão associados ao comércio do gás e petróleo, como para a vasta maioria da população indígena pobre, que tem nele hoje não só um grande representante político, mas uma figura quase mítica.”

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Sobre o fato de que tantas alterações na Constituição da Bolívia poderiam significar que o presidente da República queira se perpetuar no poder, o Professor Dario explica que o Governo fez aprovar um referendo que está legalmente previsto na Constituição de 2009. “O que Morales fez diante da primeira vitória dele foi mobilizar a construção de uma nova Constituição, um processo de refundação”, diz Diogo Dario.

O especialista em Relações Internacionais chama atenção para o fato de que, se o resultado do referendo for favorável a Evo Morales, a oposição não tem um candidato à altura que possa ameaçar a reeleição do presidente.

“Para o cenário da oposição, o que é trágico é que na última tentativa eles tinham uma posição mais unificada, que perdeu a primeira eleição de forma mais disputada mas depois perdeu muito feio, em 2009, quando Evo conseguiu 62% dos votos, e ali a oposição entrou num processo de autofagia, de fragmentação de partidos. Na última eleição Evo Morales concorreu com vários candidatos, que conseguiram resultados insignificantes. E ele ganhou em distritos onde nunca tinha ganho nas eleições anteriores.”

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