Estariam EUA e Coreia do Norte à beira de nova fase das tensões nucleares?

© AP Photo / Susan WalshPresidente dos EUA Donald Trump e líder norte-coreano Kim Jong-un durante encontro na zona demilitarizada, 30 de junho de 2019
Presidente dos EUA Donald Trump e líder norte-coreano Kim Jong-un durante encontro na zona demilitarizada, 30 de junho de 2019  - Sputnik Brasil
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Após meses de cúpulas, as negociações entre os EUA e Coreia do Norte para um acordo de desnuclearização segue sem avançar. Um dos principais motivos que estariam dificultando o acordo seriam as exigências dos EUA sem oferecer nada em troca.

Na segunda-feira (16), um enviado especial dos EUA se reuniu com o vice-ministro sul-coreano das Relações Exteriores, Cho Sei-young, e com o presidente Moon Jae-in em uma tentativa de salvar as negociações que não avançam desde fevereiro, quando o presidente norte-americano, Donald Trump, e o líder norte-coreano, Kim Jong-un, não conseguiram chegar a um acordo, já que Trump não aceitou levantar as sanções impostas ao país asiático. A Sputnik faz uma retrospectiva das negociações e explica o que deve ocorrer na nova fase de tensões entre os dois países.

Última cúpula e ultimato de Kim Jong-un para Donald Trump

A última cúpula entre os dois países aconteceu em fevereiro em Hanói, no Vietnã. Entretanto, ela não obteve sucesso e voltou a fracassar.

"A situação na Península Coreana e na região está em um impasse, e chegou ao ponto crítico em que pode retornar ao seu estado original, pois os EUA assumiram uma atitude unilateral de má-fé nas recentes negociações, durante a segunda reunião entre EUA e Coreia do Norte", afirmou o líder norte-coreano durante sua visita à Rússia, em abril deste ano.

O tão discutido acordo visa a desnuclearização e normalização das relações diplomáticas entre os dois países. Em Hanói, Kim havia solicitado que Washington removesse algumas das sanções impostas contra a Coreia do Norte para que o acordo de desnuclearização e desmantelamento dos programas nucleares fossem adiante. Contudo, Trump negou tal solicitação.

Com a recusa de Trump, Kim decidiu colocar um ultimato aos EUA, dando aos norte-americanos até o final do ano para abandonar "seu atual método de cálculo" em relação às negociações bilaterais e "corrigir sua postura".

De acordo com Pyongyang, Washington tem até o final do ano para adotar uma "postura correta", e somente nesse caso a Coreia do Norte considerará uma terceira cúpula com Trump no futuro.

Negociações na Suécia

Em outubro, reuniões de trabalho foram realizadas na Suécia, com a presença do enviado norte-coreano Kim Myong Gil e do norte-americano Stephen Biegun, mas terminaram devido à "velha posição e atitude" norte-americana.

Na ocasião, o vice-ministro das Relações Exteriores da Coreia do Norte, Ri Thae Song, encarregado das questões norte-americanas, teria acusado os negociadores dos EUA de repetirem as propostas realizadas anteriormente apenas para ganhar tempo.

"O diálogo elogiado pelos EUA não representa nada e é apenas um truque para manter a Coreia do Norte presa ao diálogo usado no âmbito da situação política e das eleições nos EUA [...]", afirmou Ri.

Retórica hostil da Coreia do Norte e resposta dos EUA

A Coreia do Norte emitiu ao longo do último mês diversas declarações provocativas para alertar aos EUA sobre a retomada dos testes com mísseis e material nuclear, caso o prazo não seja cumprido pelos EUA, até o final do ano.

"O que resta é uma opção dos Estados Unidos e cabe aos Estados Unidos escolher que presente de Natal podem receber", afirmou Kim em uma das suas declarações.

Por sua vez, o secretário de Defesa norte-americano, Mark Esper, qualificou como "preocupantes" as últimas declarações da Coreia do Norte.

Já Trump declarou que ficaria "desapontado" se a Coreia do Norte estiver "preparando algo" para marcar o fim do prazo estipulado por Pyongyang para a retomada das negociações com Washington.

"Veremos. Eu ficaria desapontado se alguma coisa estiver sendo tramada. E se estiver, cuidaremos disso. Estamos observando [a situação] atentamente", afirmou Trump.

Por outro lado, Esper acredita que a situação deve ser levada a sério, e por isso é preciso se sentarem e debaterem um acordo político para a desnuclearização da península.

Países trabalham para amenizar situação

Perante a situação complicada, a China solicitou ao Conselho de Segurança da ONU para apoiar uma proposta sino-russa com o objetivo de reduzir as sanções contra a Coreia do Norte, caso o país aceite um plano de desnuclearização.

China e Rússia procuram uma solução para o impasse entre Coreia do Norte e EUA, sugerindo que os norte-americanos ajustem suas sanções de acordo com os passos dados pelos norte-coreanos em direção à desnuclearização.

"A península coreana atravessa um período importante e sensível. A urgência de um acordo político aumentou ainda mais", afirmou Geng Shuang, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, ressaltando que a comunidade internacional deve impedir o aumento da tensão na península, bem como um confronto.

Além da interrupção de diversas sanções econômicas, o documento enviado à ONU também sugere a suspensão da proibição de importação de carvão, ferro, minério de ferro e têxteis oriundos da Coreia do Norte, além do início do processo de desnuclearização.

A situação pode ser resolvida?

Depois de tantas conversações e cúpulas fracassadas, provavelmente a situação só será resolvida se ambas as partes estiverem dispostas a negociar e abrirem mão de suas exigências.

Ou seja, as partes devem de fato negociar, e não apenas exigir. Dessa maneira, haverá a possibilidade de que uma terceira cúpula ocorra. Como Kim já deixou claro, ele só aceitará um acordo caso os EUA concordem em levantar algumas das sanções impostas e adotar uma postura correta, onde as duas partes contribuam para o bem de todos.

Caso ambas as partes não estejam interessadas em mudar suas estratégias e abrir mão de algo, então, provavelmente será muito difícil chegar a uma resolução e o fortalecimento nuclear dos norte-coreanos deverá seguir adiante.

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