Pesquisadores afirmam que 1 em cada 10 pessoas de países pobres receberá vacina contra a COVID-19

© Sputnik / Denis BolotskyProdução de vacinas no Instituto Latino-Americano de Biotecnologia Mechnikov em Nicarágua
Produção de vacinas no Instituto Latino-Americano de Biotecnologia Mechnikov em Nicarágua - Sputnik Brasil
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O instituto People's Vaccine Alliance emitiu um alerta importante nesta quarta-feira (9) e afirmou que cerca de 70 países pobres ou em desenvolvimento só serão capazes de vacinar uma em cada dez pessoas durante o próximo ano. As razões são simples: a maioria das vacinas já foram compradas pelos países ricos.

O termo "chutando a escada" foi idealizado nas relações internacionais pelo autor sul-coreano Ha-Joon Chang. Seu princípio, em síntese, é simples: os países desenvolvidos estão tentando "chutar a escada" pela qual subiram ao topo, ao impedir que os países em desenvolvimento adotem as políticas e as instituições que eles próprios usaram.

Uma pesquisa publicada nesta quarta-feira (9) pela People's Vaccine Alliance (Aliança da Vacina do Povo, em tradução livre) chegou a uma conclusão semelhante a do autor. Segundo a entidade, na Europa, nos Estados Unidos e na maioria dos países do leste asiático, os governos já compraram milhões de doses de vacinas contra a COVID-19, enquanto preparam os planos de vacinação para suas populações.

© Sputnik / Georgy Zimarev / Acessar o banco de imagensVacinação de médicos contra o coronavírus em Krasnodar, Rússia (foto de arquivo)
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Vacinação de médicos contra o coronavírus em Krasnodar, Rússia (foto de arquivo)
Por outro lado, países mais pobres sofrem com as restrições das leis de patentes e a concorrência financeira para a compra dos imunizantes.

No Reino Unido, a vacinação em massa dos grupos mais vulneráveis começou nessa terça-feira (8). Estados Unidos e grande parte da Europa já encomendaram vacinas suficientes para imunizar suas populações a partir das próximas semanas.

Enquanto os países ricos adquirem em massa as vacinas disponíveis no mercado, a pesquisa sustenta que os países mais desfavorecidos não terão capacidade para vacinar nove em cada dez pessoas.

​De acordo com a pesquisa, os países mais ricos, considerados aqueles com capacidade para comprar doses suficientes das vacinas e proteger a população da COVID-19, representam apenas 14% da população mundial. Contudo, já detêm 53% das vacinas mais promissoras, aponta Agência Brasil.

Um exemplo são as doses da vacina da Pfizer e BioNTech, aprovada no Reino Unido na semana passada, que irão quase todas para os países ricos, uma vez que 96% das doses foram adquiridas pelo Ocidente.

© Sputnik / Acessar o banco de imagensVacinação de voluntários com a vacina russa Sputnik V contra a COVID-19 na Bielorrússia
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Vacinação de voluntários com a vacina russa Sputnik V contra a COVID-19 na Bielorrússia
O relatório sustenta que as nações mais ricas compraram imunizantes suficientes para vacinar toda a população quase três vezes até o fim de 2021. O Canadá está no topo da lista dos países que mais acumulam: comprou mais doses per capita do que qualquer outro país, tendo o suficiente para vacinar cada pessoa cinco vezes, diz a organização, que inclui a Anistia Internacional, a Frontline Aids, a Global Justice Now e a Oxfam.

Acesso universal

A People's Vaccine Alliance faz um apelo a todas as empresas farmacêuticas que trabalham no desenvolvimento e produção de vacinas contra a COVID-19 para que compartilhem a tecnologia e propriedade intelectual, por meio da Rede de Acesso à Tecnologia COVID-19 da Organização Mundial da Saúde.

A entidade também pede aos governos que façam tudo que estiver ao seu alcance para garantir que as vacinas se tornem um bem público global - gratuitas, distribuídas de forma justa e com base nas necessidades.

"A acumulação de vacinas prejudica ativamente os esforços globais para garantir que todos, em todos os lugares, possam ser protegidos da COVID-19", afirmou Steve Cockburn, chefe de Justiça Econômica e Social da Amnistia Internacional.

"Os países ricos têm obrigações claras sobre os direitos humanos, não apenas de se abster de ações que possam prejudicar o acesso às vacinas em outros lugares, mas também de cooperar e prestar assistência aos países que dela necessitem", concluiu.

© REUTERS / PFIZERFrascos de vacina contra a COVID-19 da farmacêutica Pfizer durante produção nos EUA (foto de arquivo)
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Frascos de vacina contra a COVID-19 da farmacêutica Pfizer durante produção nos EUA (foto de arquivo)
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