Uma empresa ou um usuário confia na segurança digital de um site ou rede e insere dados sensíveis, como números de cartão de crédito ou informações sigilosas; mas hackers se aproveitam da fragilidade dos sistemas e roubam esses dados, muitas vezes cobrando altos valores em troca para não divulgarem publicamente as informações on-line.
Golpes digitais como estes têm se tornado cada vez mais frequentes, especialmente na pandemia. Relatórios da Kaspersky mostram que o Brasil é o país que recebeu o maior número de ataque de hackers no mundo de janeiro a maio deste ano e que, entre os ataques que acontecem na América Latina, o Brasil é alvo de quase metade deles.
Estes dados não são surpresa para Alcides Peron, pesquisador da USP e especialista em segurança e tecnologia. Peron explica que a fragilidade brasileira se deu ao longo dos últimos 15 anos de aumento fervoroso na digitalização de serviços – que não foi acompanhado por um aumento proporcional de sistemas de segurança digital.
"Ao mesmo tempo em que a gente amplia muito nossa malha digital, seja na esfera pública ou privada, não há um correspondente aumento em sistemas de segurança da informação. A gente começa a explorar este campo mas não toma os devidos cuidados a respeito dele", diz Peron.
Pelo mesmo motivo, Peron afirma que o cenário da pandemia ajudou a tornar golpes de hackers mais frequentes. Como boa parte da interação dos brasileiros, seja para o trabalho ou lazer, migrou para plataformas digitais, um maior volume de dados também passou a ser concentrado na Internet – e isso inclui compras on-line, Internet banking, plataformas de filmes e até mesmo o WhatsApp.
"Grupos de pessoas que não tinham aplicativos, por exemplo, de entrega de comida e streaming, passaram a ter durante a pandemia. Mas será que houve também o aumento da preocupação relativa à proteção de dados durante esse período?", questiona Peron.
Peron ressalta que não são apenas usuários e empresas privadas que estão vulneráveis na Internet. Pelo contrário: segundo ele, ataques a órgãos e entidades públicas são ainda mais frequentes – vide episódios recentes com o Superior Tribunal de Justiça e o Tribunal Superior Eleitoral.
"Esse monitoramento, essa vigilância, que usa o espectro digital como forma de extrair valores, que pode ser desde dinheiro até outras informações pirivilegiadas, já é algo que se torna frequente sobre o governo", afirma o especialista.

Como aumentar a proteção em três passos simples
Para proteger contas e dados sigilosos, Peron elenca três dicas que podem ser facilmente adotadas na rotina diária de uso da Internet. A primeira é desconfiar do site onde se pensa em depositar dados sensíveis: "O usuário tem que ter esse cuidado, de não fazer cadastro em qualquer site", alerta Peron.
Para ajudar a avaliar se o site é ou não confiável, Peron sugere reparar em um cadeado fechado que deve aparecer no canto superior esquerdo do navegador, ao lado do endereço da página em que o usuário estiver navegando. O cadeado mostra "que a empresa tem alguma política de segurança de dados e contrata segurança da informação para proteger aqueles dados bancários e transações que você está fazendo", explica Peron.
A segunda dica é tomar cuidados com senhas – o que inclui mais do que adotar palavras-chave longas e complexas. "Nunca [devemos] ficar gravando senha em Internet e navegadores", diz o especialista. E, para finalizar, a terceira dica é estabelecer uma rotina de escanear o computador com um bom antivírus.
"Este tipo de preocupação tem que começar a atingir um público maior, para que essa preocupação se transforme de fato em prevenção", diz o especialista.
As opiniões expressas nesta matéria podem não necessariamente coincidir com as da redação da Sputnik
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