OMS: resistência antimicrobiana é tão perigosa quanto a pandemia

© REUTERS / Denis BalibouseSede da Organização Mundial da Saúde (OMS), em Genebra, Suíça
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A Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou nesta sexta-feira (20) que a crescente resistência antimicrobiana é tão perigosa quanto a pandemia do novo coronavírus, e ameaça reverter um século de avanços na medicina.

Em uma conferência de imprensa virtual, o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, classificou a questão como "uma das maiores ameaças à saúde de nosso tempo".

A resistência antimicrobiana acontece quando os agentes microbianos se tornam imunes às drogas existentes, o que torna pequenas lesões e infecções comuns potencialmente letais.

É a Semana Mundial de Conscientização sobre o Uso de Antimicrobianos. A resistência antimicrobiana é uma das dez principais ameaças à saúde pública global. Sem antimicrobianos eficazes, o sucesso da medicina moderna no tratamento de infecções, incluindo cirurgias de grande porte e quimioterapia, corre alto risco.

O uso incorreto e excessivo de antimicrobianos são os principais motores do desenvolvimento de patógenos resistentes a medicamentos. No entanto, a falta de água limpa e saneamento e prevenção e controle inadequados de infecções também promovem a disseminação de micróbios, que podem ser resistentes ao tratamento antimicrobiano.

Nos últimos anos, a resistência aumentou devido ao uso excessivo de antibióticos em humanos, mas também em criadouros de animais.

"A resistência antimicrobiana pode não parecer tão urgente quanto a pandemia, mas é tão perigosa quanto", disse Tedros na coletiva. "Ela ameaça reverter um século de progresso na medicina e nos deixar sem defesa contra infecções que podem ser facilmente tratadas na atualidade", acrescentou.

Segundo a OMS, a resistência antimicrobiana também ameaça a segurança alimentar, o desenvolvimento econômico e a habilidade do planeta para combater doenças.

Além disso, a resistência leva a um aumento nos custos para os cuidados de saúde, nas admissões hospitalares, nas falhas em tratamentos, e na incidência de doenças graves e mortes, afirmou a organização.

Para aumentar a consciência da população mundial, a OMS se uniu à Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO, na sigla em inglês) e à Organização Mundial da Saúde Animal (conhecida pela sigla OIE - Organização Internacional das Epizootias) para lançar um novo grupo que defende ações urgentes para enfrentar o problema do aumento da resistência antimicrobiana.

A iniciativa, batizada de "One Health Global Leaders Group on Antimicrobial Resistance", colocará lado a lado chefes de governos, executivos de empresas e lideranças da sociedade civil.

Os líderes mundiais estão unindo forças para combater a crise cada vez mais crescente da resistência antimicrobiana. O "One Health Global Leaders Group" lançado hoje inclui chefes de governo, ministros, líderes do setor privado e da sociedade civil. 

O grupo será copresidido pelos primeiros-ministros Sheikh Hasina, de Bangladesh, e Mia Mottley, de Barbados.

A Federação Internacional de Fabricantes e Associações Farmacêuticas (IFPMA, na sigla em inglês) afirma que as superbactérias resistentes ao antibióticos existentes já estão cobrando um preço muito alto para os sistemas de saúde ao redor do planeta.

"Cerca de 700.000 pessoas morrem no mundo todos os anos devido à resistência antimicrobiana. Sem uma ação firme que garanta o uso apropriado dos antibióticos existentes, assim como novas e melhores formas de tratamento, esse número pode chegar a 10 milhões em 2050", alertou a IFPMA em um comunicado, no qual dá boas-vindas à iniciativa.
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