Pintor de batalhas na Síria: 'Com Exército russo me senti como em casa' (FOTOS)

© Foto / Augusto Ferrer-Dalmau NietoAugusto Ferrer-Dalmau em Aleppo (Síria)
Augusto Ferrer-Dalmau em Aleppo (Síria) - Sputnik Brasil
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Augusto Ferrer-Dalmau Nieto chegou à Síria em 29 de setembro com soldados russos. Em vez de fuzil, este pintor levou em suas mãos uma arma mais poderosa: um caderno, em que reproduziu a essência da vida em Aleppo.

"A ideia de ir à Síria surgiu cerca de um ano atrás, quando me convidaram a visitar a exposição de Grekov de pintura militar em Moscou. Nas conversas surgiu o tema de minhas pinturas, criadas em operações e missões noutros países. Eu disse que queria conhecer a Rússia, o soldado russo e pintar a Síria", explicou Ferrer-Dalmau Nieto à Sputnik Mundo.

A conversa que começou na exposição de Grekov virou um pretexto para que o Ministério da Defesa russo o convidasse a visitar Aleppo em companhia das tropas russas. Foi uma chance de ver a guerra na Síria com seus próprios olhos.

Hoje na Praça Vermelha para um próximo projeto com um frio danado

Foto​Segundo as palavras de pintor, não imaginando a situação na Síria, ele chegou lá com olhos e mente abertos, sem preconceitos que pudessem influir na visão do pintor. Provavelmente, essa consciência limpa e optimismo ajudaram-no a estabelecer relações amigáveis com os soldados russos, os quais ele recorda com cordialidade.

"Foi muito bonito. Compartilhei o dia-a-dia com um exército, para mim, muito parecido com o espanhol. Ninguém estava ciente de como era porque não tem havido estrangeiros que convivessem com o Exército russo em operações no dia a dia", disse o pintor espanhol.

© Foto / Augusto Ferrer-Dalmau Nieto / Augusto Ferrer-Dalmau NietoAugusto Ferrer-Dalmau quer contar a verdade que viu com seus próprios olhos na Síria. Na imagem, Ferrer-Dalmau se dirige a um militar russo.
Augusto Ferrer-Dalmau quer contar a verdade que viu com seus próprios olhos na Síria. Na imagem, Ferrer-Dalmau se dirige a um militar russo - Sputnik Brasil
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Augusto Ferrer-Dalmau quer contar a verdade que viu com seus próprios olhos na Síria. Na imagem, Ferrer-Dalmau se dirige a um militar russo.
© Foto / Augusto Ferrer-Dalmau Nieto“Eu pinto o que vejo”, disse esse conhecido pintor espanhol. Na imagem, Ferrer-Dalmau em Aleppo, Síria.
“Eu pinto o que vejo”, disse esse conhecido pintor espanhol. Na imagem, Ferrer-Dalmau em Aleppo, Síria - Sputnik Brasil
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“Eu pinto o que vejo”, disse esse conhecido pintor espanhol. Na imagem, Ferrer-Dalmau em Aleppo, Síria.
CC BY-SA 3.0 / Augusto Ferrer-Dalmau / O pintor espanhol Augusto Ferrer-Dalmau pinta o quadro “'Rocroi, o último terço” (2011).
O pintor espanhol Augusto Ferrer-Dalmau pinta o quadro “'Rocroi, o último terço” (2011) - Sputnik Brasil
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O pintor espanhol Augusto Ferrer-Dalmau pinta o quadro “'Rocroi, o último terço” (2011).
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Augusto Ferrer-Dalmau quer contar a verdade que viu com seus próprios olhos na Síria. Na imagem, Ferrer-Dalmau se dirige a um militar russo.
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“Eu pinto o que vejo”, disse esse conhecido pintor espanhol. Na imagem, Ferrer-Dalmau em Aleppo, Síria.
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O pintor espanhol Augusto Ferrer-Dalmau pinta o quadro “'Rocroi, o último terço” (2011).
Essa experiência ajudou-o a romper muitos mitos sobre o Exército russo. Soldados russos "raivosos e absurdos" existem apenas nos filmes de Hollywood, mas na realidade eles são "disciplinados, honestos, boas pessoas, uma gente simpática e carinhosa", destacou Ferrer-Dalmau Nieto.

Muitos soldados liam, que era estranho para o pintor. Ele disse que se sentia com os soldados russos como em casa, protegido e tranquilo, algo que ele sentiu antes apenas quando acompanhado por soldados espanhóis.

© Foto / Augusto Ferrer-DalmauAugusto Ferrer-Dalmau em Aleppo (Síria)
Augusto Ferrer-Dalmau em Aleppo (Síria) - Sputnik Brasil
Augusto Ferrer-Dalmau em Aleppo (Síria)

Ferrer-Dalmau Nieto se levantava com os soldados de manhã cedo, tomava o café da manhã com eles, ia aonde eles fossem, comia onde fosse possível. Fazia fila com sua bandeja junto com os soldados russos.

Os dez dias que este pintor de Barcelona de 54 anos passou na Síria serviram para que ele reproduzisse todos os horrores da luta que já dura sete anos: ruas devastadas, edifícios em ruinas, pessoas que a cada dia vencem o medo e "uma imagem humana" da missão do Exército russo.

© Foto / Augusto Ferrer-DalmauA medalha do Exército russo como reconhecimento pela luta contra o terrorismo internacional. O quadro de Ferrer-Dalmau será um apelo contra este e a favor da paz
A medalha do Exército russo como reconhecimento pela luta contra o terrorismo internacional. O quadro de Ferrer-Dalmau será um apelo contra este e a favor da paz - Sputnik Brasil
A medalha do Exército russo como reconhecimento pela luta contra o terrorismo internacional. O quadro de Ferrer-Dalmau será um apelo contra este e a favor da paz

O pintor espanhol espera mostrar tanto o caos, como aquela ajuda que presta o Exército russo à população civil, o que ele viu com seus próprios olhos.

Durante sua estadia na Síria, Ferrer-Dalmau Nieto usou o seu caderno não só para pintar, mas também para fazer anotações e esquemas para depois recordar em Madrid tudo o que chamou sua atenção.

CC BY 4.0 / Augusto Ferrer-Dalmau / “O milagre de Empel” (2015)
“O milagre de Empel” (2015) - Sputnik Brasil
“O milagre de Empel” (2015)

Além disso, o pintor teve a possibilidade de tirar fotos de detalhes, de edifícios e de soldados para criar um repertório, um catálogo da guerra na Síria.

CC BY 3.0 / Augusto Ferrer-Dalmau / “Carga no rio Igan do regimento Alcântara” (2013), obra de Ferrer-Dalmau
“Carga no rio Igan do regimento Alcântara” (2013), obra de Ferrer-Dalmau - Sputnik Brasil
“Carga no rio Igan do regimento Alcântara” (2013), obra de Ferrer-Dalmau

Embora o plano geral do quadro de cerca de dois metros já tivesse amadurecido, o pintor ainda tem que pôr em ordem e classificar todas as anotações, papéis, milhares de fotos e outras coisas que estão guardados em sua casa.

CC BY-SA 4.0 / Augusto Ferrer-Dalmau / “Pela Espanha e pelo rei, Gálvez na América” (2015)
“Pela Espanha e pelo rei, Gálvez na América” (2015) - Sputnik Brasil
“Pela Espanha e pelo rei, Gálvez na América” (2015)

Ferrer-Dalmau Nieto esteve duas vezes no Afeganistão, uma vez com os espanhóis, outra — com militares da Geórgia e dos EUA. O pintor conseguiu visitar também o Líbano e o Mali com missões da União Europeia, OTAN e ONU.

CC BY 3.0 / Augusto Ferrer-Dalmau / “A Patrulha” (2013)
“A Patrulha” (2013) - Sputnik Brasil
“A Patrulha” (2013)

O pintor afirma que todas as missões militares são iguais, apenas as pessoas se distinguem.

"Quero que a gente, quando passem anos, diga olhando para o meu quadro: ‘Olha, Aleppo era assim 100 anos atrás. Agora é assim. Quero que fique esse conhecimento. É um documento histórico. Quero que digam: ‘Olha, essa rua que pintou Ferrer-Dalmau, que esteve lá, que foi vê-la, que esteve com os soldados quando ainda estavam em guerra. Quero que seja um documento histórico", disse o pintor espanhol.

Segundo as suas avaliações, levará pelo menos oito semanas para acabar a sua obra, mas antes disso ele ainda deve arrumar todo o material. Então, o mundo verá a obra depois de maio de 2019. Ferrer-Dalmau tem a intenção que o quadro fique na Rússia, sendo "uma parte da sua história". O pintor gostaria que a obra percorresse outros países antes de ficar definitivamente em Moscou.

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