Até hoje os habitantes locais sofrem as consequências da guerra, que até então não há perspectivas de término.
O camponês Nagahan do povoado Arghandab (província de Kandahar), localizado no sul do Afeganistão, sobreviveu aos ataques de 7 de outubro de 2010.
Mesmo em seu pior pesadelo, Mahommad nunca tinha chegado a imaginar que a sua vinha chegaria a se tornar um polígono de fuzilamento. No seu local de trabalho, ele perdeu ambas as pernas.
"Eu ainda escapei facilmente", disse em entrevista à Sputnik Dari.
Seis anos se passaram. Os ferimentos ainda doem. Após passar um ano no hospital, Mahommad disse que perdeu muito sangue e que, por falta de dinheiro, não fez cirurgias que deveriam ter sido feitas. Ele continua tomando anestésicos.
O entrevistado lembra que, logo após o bombardeio, a chefia das Forças Armadas dos Estados Unidos admitiu que a iniciativa de lançamento de bombas contra civis foi um erro, pediu desculpas e prometeu prender os pilotos responsáveis pelos ataques e cobrir os gastos das despesas médicas, durante três meses, das vítimas. A promessa de ajudar as vítimas não foi cumprida até hoje.
"Eu só sei que eles não cumpriram suas obrigações referentes a nós. Eles jogaram um pouco com a gente e nos abandonaram à própria sorte. O ataque aéreo destruiu todos os nossos pertences: plantações, casas, instrumentos", contou.
O entrevistado foi obrigado a se mudar de sua aldeia para Kandahar. Trabalhou por um tempo como alfaiate e depois abriu uma pequena padaria, de onde tira o sustento para alimentar seu pai e irmão mais novo. Trabalhar se tornou uma prática difícil para Mahommad, pois agora ele só tem metade do corpo.