'Multidão olhando para trás, chorando': brasileira conta como foi atentado em Nice

© REUTERS / Eric GaillardAnschlag in Nizza
Anschlag in Nizza - Sputnik Brasil
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Em comentário exclusivo, duas brasileiras que estavam perto do lugar onde aconteceu o atentado em Nice contam o que viram.

A Sputnik contatou Luísa Féres Rabaldo através do Facebook, onde ela se marcou como segura na página Ataque em Nice, França.

Junto com a sua família, ela estava em uma pizzaria próxima do local do atentado, que tingiu de luto o dia da Bastilha, festa nacional da França.

Primeiro não havia muita clareza sobre a natureza do atentado: "Ouvimos falar em bomba, homens armados, terrorismo", conta a jovem. Depois, se soube que um francês de origem argelina conduziu um caminhão diretamente na multidão, esmagando as pessoas ao longo de cerca de 2 quilômetros, quase a totalidade da Promenade des Anglais, uma rua icônica de Nice.

Leia a íntegra do comentário de Luísa Féres Rabaldo:

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"Então, eu estava em uma pizzaria com a minha família, jantando, quando o atentado aconteceu. Essa pizzaria fica mais ou menos 400m da beira da praia, onde estavam acontecendo as comemorações do Dia da Bastilha. Estávamos sentados na parte de dentro quando começou uma correria, uma multidão correndo em direção contrária à praia, olhando pra trás, chorando, falando nos celulares… Nesse momento, quem estava nas mesas de fora da pizzaria entrou correndo para o estabelecimento, enquanto os garçons fechavam as portas bem rápido. Todo o entorno da pizzaria, outros bares e restaurantes, também começaram a fechar suas portas e dar abrigo a quem estava sozinho na rua. Nesse momento ainda não se tinha uma informação clara do que estava acontecendo — ouvimos falar em bomba, homens armados, terrorismo… Saímos do restaurante e conseguimos chegar correndo em casa, por sorte. O pânico estava bem disseminado, muita gente chorando e procurando abrigo. 

As informações que eu tenho quanto às ações da polícia eu soube através da imprensa, apesar de ouvir as sirenes o tempo todo durante a noite. Agora são 12:45 p.m., a cidade está tranquila apesar das eventuais sirenes e movimentações, as pessoas estão na rua e o comércio está parcialmente aberto."

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A irmã de Luísa, Gabriela Féres Rabaldo, estudante de jornalismo em Porto Alegre, tinha passado pelo Passeio dos Ingleses um pouco antes do início da festa com fogos de artifício. No seu Facebook, ela pede para não usar o seu depoimento para fomentar ódio ao Islã.

Leia a íntegra do comentário de Gabriela Féres Rabaldo à Sputnik:

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"Sou estudante de jornalismo em Porto Alegre. Estava estudando na Espanha por um semestre e meu pai e meus irmãos vieram nas férias pra viajarmos juntos. Nós estávamos jantando em um restaurante cerca de 500 metros da praia, após comer, iríamos nos juntar à multidão. Alguns minutos depois do final dos fogos muitas pessoas começaram a passar correndo em frente ao restaurante, tinham expressões de pânico, ouvíamos gritos, choro. Vi uma mãe segurando os filhos com força enquanto corriam, as crianças estavam atônitas. Algumas pessoas se refugiaram dentro do restaurante, os garçons começaram a colocar os clientes para dentro e trancar as portas. Perguntamos o que estava acontecendo, não queriam nos responder. Nós não falamos francês, mas sabíamos que se tratava de um atentado através do pânico das pessoas nas ruas. Esperamos cerca de uma hora dentro do restaurante e saímos para a rua em direção ao nosso apartamento. Os comércios estavam fechados, era possível ouvir muitas sirenes e as pessoas ainda corriam. Vi duas mulheres sob uma marquise, uma ajudava a outra a carregar um carrinho com um bebê. Perguntei o que estava acontecendo, uma delas me respondeu 'bomb, bomb'. Nós corremos para dentro do apartamento e começamos a ver informações soltas no Twitter, só a partir daí tivemos noção de quão perto estávamos e o que realmente estava acontecendo.

Aproximadamente 1 hora antes dos atentados eu estava correndo na orla. Passei pelas estruturas, por muitas pessoas. É nelas que tô pensando agora, tentando lembrar os seus rostos. A sensação é de que qualquer um poderia ser uma vítima, inclusive eu e a minha família."

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