O torneio conta com 16 modalidades esportivas indígenas e, paralelamente, com diversas manifestações culturais que têm o objetivo de celebrar a diversidade, a cultura nativa e as tradições de Tocantins e do mundo.
Nessa programação cultural, um dos destaques é a participação de Aleksandra Grigorieva, pós-doutora em Antropologia, estudiosa dos costumes indígenas e uma das incentivadoras dos Jogos Mundiais dos Povos Indígenas. Ela falou com exclusividade à Sputnik Brasil sobre seu livro, a diversidade étnica e as heranças culturais dos povos do mundo.
Sputnik: Qual a importância deste evento realizado em Palmas, no Estado de Tocantins?
Aleksandra Grigorieva: Todos os anos eu participo do Fórum Mundial de Povos Indígenas. São 370 milhões de indígenas no mundo todo. No Fórum de 2010 eu coloquei a questão: por que não existem Jogos Olímpicos Indígenas? Essa foi uma ideia minha. Em 1972, em Munique, Roman Dmitriev foi o primeiro representante de uma minoria nativa da Rússia a se tornar campeão olímpico de luta-livre. Então, com inspiração nele, tive essa ideia. Em 2012, no Canadá, queriam realizar estes jogos, mas em função da crise, isso não aconteceu. E agora esses jogos estão sendo realizados no Brasil, o que me alegra muito, pois o meu sonho se realizou. Isso é histórico. E o presidente do seu país é uma mulher, e pela primeira vez uma mulher está organizando um evento desse.
AG: No mês de abril aconteceu o 14.º Fórum Mundial de Povos Indígenas, e os representantes indígenas brasileiros sempre foram os mais ativos. Foi por isso.
S: Como foi a sua formação?
AG: Eu sou de uma região do extremo norte, na Sibéria. O povo que vive lá é formado por 1.000 a 1.500 pessoas. Eu nasci num povoado pequeno assim, na tundra, e consegui chegar até o Brasil de vocês. Depois eu fui para Yakutsk, concluí a universidade e logo senti mais sede de conhecimento. Fui para Moscou, onde escrevi a dissertação sobre a medicina tradicional dos povos do Extremo Oriente Russo.
S: O que a senhora acha que existe em comum entre os indígenas brasileiros e os indígenas russos?
S: A possibilidade do desaparecimento dos povos nativos é um motivo de preocupação?
AG: Sim, mas agora, com a organização permanente dos Fóruns Mundiais de Povos Indígenas, começaram a surgir também as leis protetoras. Recentemente foi elaborada uma declaração, a Carta dos Povos Indígenas do Mundo, na qual eu sou autora de um artigo, o 24, que trata de medicina popular.
S: Que herança cultural indígena pode ser transmitida para as futuras gerações?AG: Idioma, cultura. Eu fiquei muito feliz com os indígenas canadenses, que agora estudam o próprio idioma. E os povos russos também começaram a estudar os próprios idiomas. Alguns povos têm conseguido elevar para um nível totalmente novo o estudo dos próprios idiomas e culturas. Eu viajei muito pela Rússia e vi que muitos povos indígenas têm um conhecimento de altíssimo nível, muitos deles com educação superior. Aqui eu perguntei para as pessoas e elas não têm esse nível de educação.
O mais importante que eu tenho para falar é que os povos indígenas precisam ter advogados formados que sejam desses povos. Justamente para desenvolver a legislação para defender os seus interesses e os interesses dos povos indígenas do mundo.
Ao pressionar o botão "Publicar", você concorda expressamente com o processamento de dados da sua conta no Facebook para permitir que você comente notícias no nosso site usando essa conta. Você pode consultar a descrição detalhada do processo de processamento na Política de Privacidade.
Você pode cancelar seu consentimento removendo todos os comentários publicados.
Todos os comentários
Mostrar comentários novos (0)
em resposta a(Mostrar comentárioEsconder comentário)