Fabricante da Sputnik V entrará com ação judicial contra Anvisa por espalhar informações falsas

© Folhapress / Claudio Reis/FramePhotoSede da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em Brasília.
Sede da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em Brasília. - Sputnik Brasil, 1920, 29.04.2021
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Na segunda-feira (26), a Anvisa decidiu não recomendar a importação excepcional e temporária da vacina russa Sputnik V devido à falta de dados e ao risco de doenças por falhas na fabricação.

Fabricante da vacina Sputnik V declarou nesta quinta-feira (29) que está iniciando uma reclamação legal por difamação contra a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) do Brasil por espalhar informações falsas sobre o inoculante russo.

Na segunda-feira (26), o vice-diretor de pesquisa científica do Centro Nacional de Pesquisa de Epidemiologia e Microbiologia Gamaleya, fabricante do imunizante, Denis Logunov, destacou que a Federação da Rússia realiza o controle de série de tudo que é produzido pelo Centro Gamaleya e por outros fabricantes.​

Ainda segundo Denis Logunov, nenhum controle tem informação de que a vacina possui adenovírus replicante, e a Anvisa não solicitou protocolos de controle de qualidade consolidados.

"Ou seja, não houve nenhuma discussão sobre [...] conteúdo específico de partículas replicantes no medicamento. É importante dar atenção e dizer que a declaração que pelo menos eu vi na imprensa, com certeza, não tem nada a ver com a realidade", afirmou Logunov.

​Em resposta a notícias falsas que estão circulando a partir do relatório incorreto da Anvisa, consulte um comunicado oficial do Instituto Gamaleya que confirma que no Sputnik V E1 foi excluído e não há RCA presente. Também informamos a Anvisa sobre o assunto.

Nesta quinta-feira (29), o fabricante do imunizante citou em sua conta no Twitter as palavras do Gerente-Geral de Medicamentos e Produtos Biológicos da Anvisa, Gustavo Mendes Lima Santos, que teria reconhecido que agência brasileira cometeu um erro.

Anvisa admite erro. Gustavo Mendes, gerente de Medicamentos e Produtos Biológicos da Anvisa: "Não recebemos amostras da vacina para teste [...]. Então, precisa ficar claro, não fizemos teste para adenovírus replicado"​

​Apesar da decisão da Anvisa de não recomendar a importação excepcional da vacina Sputnik V, o governo russo disse que continuará o diálogo sobre o imunizante com o Brasil.

Razões políticas

Na terça-feira (27), o Fundo Russo de Investimentos Diretos (RFPI, na sigla em russo) afirmou que acredita que a decisão da Anvisa de não aprovar a importação da vacina russa contra COVID-19 seja uma decisão política.

"A decisão da Anvisa de adiar o registro da Sputnik V pode ser motivada politicamente. Isso é confirmado pelos dados do relatório do Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos de 2020, que fala abertamente dos esforços do departamento de pressionar as autoridades brasileiras e forçá-las a recusar a compra da vacina russa", enfatizou o RFPI.

Sputnik no mundo

A vacina russa Sputnik V contra a COVID-19 foi o primeiro imunizante contra o novo coronavírus a ser registrado, em agosto de 2020. De acordo com resultados de estudos clínicos publicados em fevereiro na revista médica The Lancet, a Sputnik V tem eficácia de 91,6%.

A Sputnik V já foi aprovada em 60 países de diferentes continentes, com uma população de três bilhões de pessoas. O imunizante é o segundo com maior número de aprovações no mundo. Diversos países sul-americanos já aprovaram o imunizante, incluindo México, Argentina, Bolívia, Venezuela e Paraguai.

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