Nesta terça-feira (24), o diretor-geral do Fundo Russo de Investimentos Diretos, Kirill Dmitriev, realizou coletiva de imprensa para comentar a publicação de dados preliminares dos testes clínicos da vacina Sputnik V, que apontam para eficácia de cerca de 95%.
"Essa é uma notícia muito positiva não só para a Rússia, mas para todo o mundo", disse Dmitriev.
Nenhum efeito colateral novo foi registrado nos dados preliminares da fase 3, que conta com a participação de mais de 40 mil voluntários na Rússia e outros países.

Para ele, a vacina desenvolvida pela Rússia deve não só ser a mais eficaz, mas também a mais acessível do ponto de vista de preço e logística.
"Hoje divulgamos pela primeira vez o preço da vacina que será praticado no mercado internacional: uma dose custará menos de US$ 10 (cerca de R$ 53). Como são necessárias duas doses, o custo total da Sputnik V por paciente será inferior a US$ 20 (cerca de R$ 107)", informou o diretor.
Segundo ele, esse preço é "mais de duas vezes inferior aos de outras vacinas com eficácia superior a 90% registrada durante a fase 3 de testes clínicos".
Armazenamento a 8 graus Celsius
Nas últimas semanas, empresas farmacêuticas de peso, como as norte-americanas Pfizer e Moderna, também divulgaram resultados preliminares promissores de suas vacinas.
No entanto, a necessidade de armazená-las a temperaturas abaixo de zero, e no caso da Pfizer a impressionantes -70 graus Celsius, gerou preocupação quanto à logística de distribuição em massa desses imunizantes.
A vacina russa, por outro lado, poderá ser produzida no modo seco, e por isso poderá ser armazenada e administrada a temperaturas acima de zero.
"Nós conseguimos consolidar o modelo de produção de vacina seca, o que permite sua distribuição e aplicação em temperaturas entre 2 graus e 8 graus Celsius", comentou Dmitriev.
"Por isso, a Sputnik V será uma das vacinas mais acessíveis também sob o ponto de vista da distribuição e logística, o que é um fator muito importante para nossos colegas na América Latina, Ásia, Oriente Médio e África", lembrou Dmitriev.

Durante a coletiva de imprensa, o diretor-geral também apresentou novos dados sobre a produção da vacina.
"Estamos aumentando nossa capacidade produtiva e seremos capazes de produzir mais de 500 milhões de lotes, o que equivale a um bilhão de doses da vacina, em 2021, isso graças a nossa parceira com países como Índia, Brasil, China e Hungria", disse o diretor.
Segundo ele, o Centro Gamaleya, responsável pelo desenvolvimento da Sputnik V, deve publicar os dados completos em revista científica internacional em dezembro.
Corrida pela vacina
O diretor-geral do fundo respondeu a perguntas de jornalistas sobre a posição da Sputnik V em relação às outras vacinas em desenvolvimento no mundo.
Ele acredita que a principal vantagem da Sputnik V é ser baseada em adenovírus humano, em oposição às vacinas que usam adenovírus de primatas ou RNA mensageiros.
"Vimos dados muito bons divulgados pela Pfizer e pela Moderna e não temos porque duvidar deles", comentou Dmitriev. "São boas vacinas que terão papel importante em salvar vidas."
Apesar de a tecnologia de uso de RNA mensageiro nessas vacinas ser "promissora", trata-se de uma tecnologia nova. O uso de adenovírus humano em vacinas, por outro lado, já é estudado há décadas.

O diretor-geral também comentou a divulgação dos resultados preliminares dos testes da fase 3 da vacina da AstraZeneca/Oxford, que apresentou eficácia média de 70%.
"O que diferencia a vacina russa é o [...] fato de ela ser administrada em duas doses, com dois vetores diferentes em cada uma delas", explicou Dmitriev.
"Desde o início do processo, o Centro Gamaleya insistiu neste modelo [...] enquanto vacinas como a da AstraZeneca usam duas doses, mas ambas com o mesmo vetor", disse Dmitriev.
Além disso, o uso de adenovírus de humanos na vacina Sputnik V "se provou ser mais eficaz do que o uso de adenovírus de chimpanzé, como o faz a AstraZeneca", concluiu Dmitriev.

Nesta terça-feira (24), o Fundo Russo de Investimentos Diretos e o Centro Gamaleya divulgaram dados preliminares da fase 3 de testes da vacina Sputnik V, que apontam para eficácia de 95% 21 dias após a administração da segunda dose da vacina.
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