Países que desrespeitarem multilateralismo da ONU podem levar mundo a recuar décadas, avisa Medvedev

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Dmitry Medvedev, vice-presidente do Conselho de Segurança da Federação da Rússia, durante uma videoconferência - Sputnik Brasil
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O alto responsável russo destacou o papel desempenhado pela organização desde a Segunda Guerra Mundial para promover a paz entre os países e o respeito pela dignidade humana.

Dmitry Medvedev, vice-presidente do Conselho de Segurança da Federação da Rússia, referiu o desempenho da Organização das Nações Unidas (ONU) em uma mensagem de sábado (24) comemorativa do 75º aniversário da organização, publicada pela agência RT.

"Apesar de todos os problemas e crises enfrentados pela ONU e seus Estados-membros durante estes anos, é difícil negar que, em grande parte graças aos mecanismos jurídicos e políticos internacionais estabelecidos na Carta da organização, foi possível evitar deslizar para o abismo da Terceira Guerra Mundial e resolver muitas questões prementes de ordem pós-guerra no planeta", começa.

"Ao mesmo tempo, infelizmente, nem sempre aprendemos as lições corretas dos problemas que nos trouxeram os séculos XX e XXI", advertiu.

Segundo menciona, o objetivo dos países fundadores da ONU, incluindo a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), após o fim da Segunda Guerra Mundial, era de "lutar por um mundo estável e seguro, promover a ideia dos direitos humanos e construir uma ordem mundial mais justa", mas isso foi dificultado logo pelo começo da Guerra Fria, que às vezes se tornava quente e durou cerca de 40 anos.

Rearmamento como perigo

O antigo presidente russo (2008-2012) sublinhou o desarmamento como um dos maiores desafios da ONU, iniciado seriamente em 1978 durante a primeira Sessão Especial da Assembleia Geral da ONU, com um "papel especial" da URSS, que criou vários acordos internacionais destinados a aliviar as tensões internacionais e fortalecer a confiança entre os Estados no tratamento das armas nucleares.

© Sputnik / Ilya Pitalev Ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, (centro), em sessão plenária sobre ratificação do acordo Novo START, no parlamento russo, Moscou, 24 de dezembro de 2010
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Ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, (centro), em sessão plenária sobre ratificação do acordo Novo START, no parlamento russo, Moscou, 24 de dezembro de 2010

Em particular, Medvedev ressaltou a necessidade de resolver a questão do Tratado de Redução de Armas Estratégicas (Novo START ou START III) entre EUA e Rússia, que expira formalmente em 5 de fevereiro de 2021.

"Ao mesmo tempo, é necessário não apenas garantir a redução das armas existentes, mas também minimizar os riscos de surgimento de novas ameaças", avisa. "Nesta linha, a Rússia declarou uma moratória sobre a implantação de novos sistemas de mísseis na Europa e em outras regiões. Contamos com passos recíprocos de nossos parceiros ocidentais."

O vice-presidente do Conselho de Segurança da Federação da Rússia apontou os passos tomados por Moscou para impedir a abertura de uma nova frente militar no espaço.

"Também defendemos a conclusão de um acordo juridicamente vinculativo entre todas as nações exploradoras do espaço sobre uma proibição abrangente da militarização do espaço. A necessidade de implementar tal abordagem foi confirmada pela Assembleia Geral da ONU através da aprovação de resoluções propostas pela Rússia sobre a prevenção de uma corrida armamentista no espaço exterior e o uso de seu espaço de acordo com o direito internacional."

"Infelizmente, apesar dos esforços empreendidos para manter a paz, continuamos testemunhando ações agressivas unilaterais e tentativas flagrantes de interferir nos assuntos internos de Estados soberanos, realizadas em particular pelos Estados Unidos e seus aliados da OTAN", observa ele.

Dmitry Medvedev apelou igualmente ao combate contra o crime cibernético, que diz ter aumentado durante a pandemia da COVID-19, e contra o fato de certos países e organizações rotularem o papel de outros, afirmando que diluir a responsabilidade pela segurança global faria o mundo recuar décadas.

"Também as tentativas de minar o papel da ONU e criar em vez dela uma denominada 'comunidade [clube] de nações democráticas' são bastante alarmantes. Tais ideias não unem, mas dividem a humanidade, contribuem para o agravamento da tensão internacional e, em última instância, levam a conflitos diretos", criticou.

Papel dos Estados

Medvedev afirmou que a experiência da Segunda Guerra Mundial ensinou, principalmente aos países europeus, a necessidade de órgãos efetivos supranacionais, e que o bom funcionamento econômico e social de um Estado democrático é primordial para evitar transformações trágicas como a da República de Weimar na Alemanha nazista em 1933, ou momentos dramáticos como os que viveu a Rússia em 1917 e 1991.

Além de uma economia de mercado, disse, é necessário também um papel forte e responsável do Estado para resolver os problemas socioeconômicos de um país, para dar "oportunidades iguais de autorrealização, formar os sentimentos de dignidade e confiança das pessoas no futuro".

Dmitry Medvedev recomenda a adesão dos Estados aos acordos internacionais e solidariedade humanitária.

© Foto / Assessoria de imprensa do Fundo Russo de Investimentos DiretosVice-presidente da Venezuela, Delcy Rodríguez, recebe o primeiro lote da vacina Sputnik V
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Vice-presidente da Venezuela, Delcy Rodríguez, recebe o primeiro lote da vacina Sputnik V

"Durante a pandemia, a Rússia prestou amplo apoio à Venezuela, Irã e vários outros países, fornecendo equipamento médico e equipamento de proteção pessoal. Os militares russos estiveram envolvidos na prestação de assistência médica na Itália, as atividades humanitárias continuam na Síria."

"Falando na 75ª sessão da Assembleia Geral da ONU, o presidente russo Vladimir Putin propôs a todo o pessoal da ONU receber gratuitamente a vacina russa contra o coronavírus Sputnik V", refere, dizendo que a Rússia foi sempre contra restrições comerciais e financeiras a suprimentos médicos.

O antigo primeiro-ministro da Rússia (2012-2020) destacou o papel que a ONU continua tendo hoje nestes desafios.

"Não devemos esquecer que a ONU foi criada como uma organização que deve buscar soluções para os problemas globais mais graves e proteger os interesses da paz e da segurança. Ela está vocacionada para salvar as gerações seguintes do flagelo da guerra, para promover a fé nos direitos humanos fundamentais, para garantir o cumprimento do direito internacional e para melhorar as condições de vida das pessoas."

"Essencialmente, foi para alcançar esses ideais grandiosos que a Organização das Nações Unidas foi criada", concluiu.

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