A Rússia começou a produzir armas químicas em 1915 como resposta simétrica à Alemanha que dispersava gases tóxicos ativamente nos campos de batalha da Primeira Guerra Mundial. No total, na Rússia foram construídas três fábricas e, em 1916, o exército do país já contava com 150 mil projéteis químicos, já que no fim do ano as fábricas do país produziram quase quatro mil toneladas de cloro líquido, cloropicrina, cloreto de sulfurila e fosgênio. Contudo, a Rússia não utilizou gases tóxicos por estes serem "caprichosos" demais. Geralmente, artilharia se mostrava mais eficaz.
Embora a Segunda Guerra Mundial tenha freado o progresso nesta área, nos anos da Guerra Fria, a URSS e os EUA acumularam enormes armazéns de substâncias tóxicas. Em 1990, no território da URSS acumularam-se aproximadamente 40 mil toneladas de armas químicas, 80% deste arsenal era constituído por gases nervosos, tais como sarin, soman, VX e outros.
Veneno esquecido
"Alguns tipos de substâncias tóxicas eram desenvolvidos e produzidos em uma fábrica da cidade de Nukus, Uzbequistão, na segunda metade do século XX", comentou à Sputnik o especialista militar, Igor Nikulin.
"Em 1999, todos ou quase todos os armazéns foram destruídos por especialistas militares do Corpo de Engenheiros do Exército dos Estados Unidos […] Acredito que eles tenham levado consigo alguma parte deles."
De acordo com especialistas, nos anos soviéticos, armas químicas também eram desenvolvidas no Cazaquistão, bem como na Ucrânia e nos países bálticos. Após o colapso da URSS, todas as repúblicas do antigo campo soviético passaram a aderir à Convenção sobre as Armas Químicas, destruíram seus armazéns de armas químicas e fecharam ou reorientaram laboratórios e fábricas. Todas as ações foram controladas pela Organização para a Proibição de Armas Químicas.
Contudo, o processo de desarmamento químico nem sempre foi como deveria ser. A crise nas forças armadas das antigas repúblicas soviéticas, causada inclusive pela carência de financiamento, abriu brechas para que armas perigosas fossem guardadas de forma inadequada, correndo risco de "vazar" para outros países. Ou simplesmente, as autoridades se esqueceram delas.
Em 2009, um armazém de armas químicas abandonado foi encontrado em um polígono do Cazaquistão. Segundo ecologistas locais, o polígono ainda pode esconder outras "surpresas". Contudo, dificilmente armas químicas podem vir a ser usadas em missões militares, pois quando são armazenadas em más condições, elas se tornam inúteis.