Opinião: EUA estão dispostos a dialogar com Rússia só quando é do seu interesse

© Foto / Gage SkidmoreJon Huntsman
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O embaixador dos Estados Unidos na Rússia, Jon Huntsman, declarou que os EUA estão abertos a dialogar com a Rússia.

"As relações entre os EUA e a Rússia estão passando por tempos difíceis", disse o embaixador em um vídeo, que foi postado na página oficial da embaixada dos EUA no Twitter.

Ele observou que, nessa semana, os EUA, "junto com parceiros e amigos, tomaram certas medidas em relação à Rússia devido a eventos extremamente perigosos que aconteceram nas ruas da cidade inglesa de Salisbury com uso de agente nervoso".

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"O incidente não pode ser deixado sem resposta. No entanto, como declarei, apesar da nossa indignação com as ações do governo russo, os laços permanecem fortes entre os nossos povos e as portas estão abertas para o diálogo", ponderou.

Vanessa Aker, representante do departamento de Estado dos EUA, disse ao jornal estoniano Postimees que os EUA esperam, no futuro, melhorar a cooperação com a Rússia.

"Os EUA não querem uma guerra com a Rússia. Queremos uma cooperação pacífica e boas relações. Esperamos que, no futuro, isso seja possível. Já falamos que não temos sentimentos ruins em relação ao povo russo. Gostamos dos russos. Imigrantes da Rússia vivem nos EUA. No entanto, temos queixas em relação ao governo e poder atual da Rússia", informou Aker.

Especialista em assuntos políticos e americanista Mikhail Sinelnikov-Orishak, em entrevista concedida ao serviço russo da Rádio Sputnik, opinou sobre a possibilidade de manter as relações entre a Rússia e os EUA em decorrência dos recentes acontecimentos.

"Não acredito que os EUA não gostem dos russos, mas referindo-se à Rússia como uma instituição governamental, os EUA se comportam de forma atenciosa demais, mas é uma atenção negativa, pois consideram a Rússia como ameaça em potencial. E isso não começou ontem. Claro que ninguém quer uma guerra. A guerra significaria o fim de tudo. No entanto, não há dúvida de que veremos 'porcaria' em todos os lados. Por exemplo, eles poderiam ter adiado em alguns dias a expulsão de nossos diplomatas, mas expulsaram justamente no dia da tragédia em Kemerovo. Trata-se de um exemplo da atitude 'civilizada' em relação aos 'nativos', como eles nos chamam. Claro que não vamos tolerar isso. Portanto, vislumbro divergência na perspectiva de longo prazo e, por enquanto, não vejo boas relações", disse Sinelnikov-Orishak.

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Segundo ele, os EUA estão prontos a cooperar com a Rússia somente em áreas de seus interesses.

"Quando é do interesse dos EUA, o diálogo nunca para, por exemplo, comprar nossos motores de foguetes. Em outros aspectos, interrompem o diálogo se não for do interesse deles. E não temos que nos enganar que o Sol surgirá e que eles [americanos] cairão em nossos braços. Os EUA acreditam que roubamos sua vitória. Eles se acostumaram a se considerar como vencedores da 'Guerra Fria', já a comemoraram, receberam medalhas e se parabenizaram. E, de repente, a Rússia, considerada 'quase morta', começou a renascer. Com certeza, não gostaram disso. Sua orientação política atual não considera boas relações diplomáticas no futuro próximo. Por isso, todas essas conversas sobre diálogo, para ser sincero, ele acontecerá em algum momento, talvez daqui a 50 anos", concluiu.

No início desta semana, alguns países da União Europeia, os EUA, Canadá, Albânia, Ucrânia e Noruega resolveram expulsar diplomatas russos por causa do incidente em Salisbury. Anteriormente, a Grã-Bretanha já havia expulsado 23 diplomatas.

O ex-agente russo Serguei Skripal e sua filha Yulia foram envenenados em 4 de março na cidade britânica de Salisbury. Reino Unido alega que a Rússia está envolvida no envenenamento de Skripal com agente nervoso (substância A-234). A Rússia nega todas as acusações.

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