Chanceler iraniano: quem deve retornar 1º ao acordo nuclear são os EUA

© AP Photo / Imprensa do Ministério das Relações Exteriores da RússiaJavad Zarif
Javad Zarif - Sputnik Brasil
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Em visita à Turquia nesta sexta-feira (29), o chanceler iraniano Mohammad Javad Zarif declarou que são os EUA quem devem cumprir seus compromissos no âmbito do acordo nuclear e não o Irã.

Para Zarif, as esperanças do novo governo dos EUA e suas declarações de que o Irã deve ser o primeiro a dar o passo para retornar ao pacto nuclear são irracionais. O chanceler também lembrou que o Irã passou a reduzir o cumprimento de seus compromissos por conta das próprias ações dos Estados Unidos, mas destacou que isso não significa que Teerã pretenda desenvolver uma arma nuclear.

"Estamos convencidos de que as armas nucleares devem ser liquidadas o mais rápido possível pelos Estados que as possuem", enfatizou Zarif.

Por sua vez, no mesmo encontro, o ministro das Relações Exteriores turco, Mevlut Cavusoglu, afirmou que Ancara espera que o governo do novo presidente, Joe Biden, volte ao acordo sobre o programa nuclear iraniano."Tínhamos apoiado o pacto nuclear assinado com o Irã. Mas o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, infelizmente o abandonou. Esperamos que o governo Biden volte a este acordo e que o país irmão Irã se livre das sanções", disse o ministro.

Além disso, Cavusoglu garantiu a Zarif que o Irã pode contar com o apoio de Ancara.

"As relações Irã-Turquia são muito importantes para nós e trazem benefícios mútuos", disse Zarif citado pela agência Anadolu.

Em julho de 2015, o Irã e mais seis mediadores internacionais (Rússia, Estados Unidos, Reino Unido, China, França e Alemanha) assinaram o Plano de Ação Conjunto Global (JCPOA, na sigla em inglês), que impôs uma série de limitações ao programa nuclear iraniano a fim de excluir a sua possível dimensão militar em troca do cancelamento das sanções internacionais. Porém, em 2018, os EUA quebraram o acordo e, como resposta em 2019, o Irã começou a reduzir gradualmente seus compromissos no âmbito do JCPOA.

Na segunda-feira (25) o Irã apresentou sete condições à nova administração dos EUA para que o país retome as conversas sobre o seu programa nuclear. Já na quarta-feira (27), o novo secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, enfatizou que o Irã é quem precisa agir primeiro, e qualquer retorno dos EUA ao acordo nuclear pode demorar um pouco, não definindo cronograma para a redução das sanções e nem mesmo a retomada das vendas de petróleo iraniano.

O clima entre os dois países continua tenso mesmo após a saída do ex-presidente norte-americano Donald Trump, que realizou um governo repleto de sanções e provocações em relação ao Irã. Ainda que o novo secretário de Estado já tenha declarado algo sobre a dinâmica entre os países, ainda não está claro quais serão os passos de Joe Biden em relação a Teerã.

Por outro lado, o Irã diz que os EUA não têm "todo tempo do mundo" para decidirem qual caminho seguir, e o chefe do Comitê de Segurança Nacional e Política Externa do Parlamento iraniano, Mucteba Zulnuri, disse que se os países europeus não resolverem até 21 de fevereiro o problema do cancelamento das sanções impostas ao setor financeiro do Irã e não contribuirem para a normalização das exportações de petróleo, Teerã vai limitar aos inspetores da Agência Internacional de Energia Atómica (IAEA, na sigla em inglês) o acesso às suas usinas nucleares.

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