"A [Frente] Polisário e o governo saarauí condenam nos mais duros termos o fato de o presidente americano em fim de mandato, Donald Trump, atribuir ao Marrocos algo que não lhe pertence", nomeadamente a soberania sobre a ex-colônia espanhola, afirmou o Ministério da Informação saarauí em nota enviada para a agência AFP.
A Frente Polisário é um movimento de independência apoiado pela Argélia que detém um quinto do Saara Ocidental e fez campanha para a realização de uma votação sobre autodeterminação durante décadas de guerra e impasse.
Trump, cujo mandato termina em janeiro, disse hoje (10) que concordou em reconhecer a soberania marroquina sobre o território disputado, ao mesmo tempo em que anunciou que o Marrocos estava normalizando as relações com Israel.
"A decisão de Trump não muda nada em termos jurídicos sobre a questão do Saarauí porque a comunidade internacional não reconhece a soberania marroquina sobre o Saara Ocidental", disse a Frente Polisário na nota.
"Constitui uma violação flagrante da Carta da ONU [...] e dos princípios fundadores da União Africana, e dificulta os esforços da comunidade internacional para encontrar uma solução pacífica para o conflito entre a República Saarauí e o Reino do Marrocos", acrescentou o movimento independentista.
O presidente dos Estados Unidos anunciou hoje que mediou um acordo de paz entre Israel e Marrocos e concedeu ao país africano o reconhecimento de sua soberania sobre a região do Saara Ocidentalhttps://t.co/THtJm2Xr6x
— Sputnik Brasil (@sputnik_brasil) December 10, 2020
A Organização das Nações Unidas, por sua vez, disse hoje (10) que sua posição "não mudou" sobre a região disputada, após a ação dos EUA.
O secretário-geral da ONU, o português António Guterres, acredita que "a solução para a questão ainda pode ser encontrada com base nas resoluções do Conselho de Segurança", conforme se pronunciou a sua porta-voz, Stéphane Dujarric, segundo a AFP.
Em seu comunicado, a Frente Polisário exortou a ONU e a União Africana a "pressionarem o Reino de Marrocos para que ponha termo à ocupação do Saara Ocidental".
As tensões entre o Marrocos e a Frente Polisário aumentaram novamente no mês passado. Um cessar-fogo que vigorava há décadas ruiu em meados de novembro depois que o Marrocos disse que havia enviado tropas para "a terra de ninguém" com o objetivo de reabrir uma estrada para a vizinha Mauritânia.
Por outro lado, as negociações lideradas pela ONU entre os dois lados, que incluíram Argélia e Mauritânia, fracassaram meses antes do rompimento do cessar-fogo.
Ao pressionar o botão "Publicar", você concorda expressamente com o processamento de dados da sua conta no Facebook para permitir que você comente notícias no nosso site usando essa conta. Você pode consultar a descrição detalhada do processo de processamento na Política de Privacidade.
Você pode cancelar seu consentimento removendo todos os comentários publicados.
Todos os comentários
Mostrar comentários novos (0)
em resposta a(Mostrar comentárioEsconder comentário)