A Armênia enfrentou novos desafios e não tem o direito de cometer erros, disse à Sputnik Armênia Ruben Melkonyan, diretor da Faculdade de Estudos Orientais da Universidade Estatal de Erevan. Segundo ele, os acontecimentos em Nagorno-Karabakh reforçaram a presença militar de Ancara na região.
O especialista destacou a criação de um centro russo-turco na zona sob controle do Azerbaijão, assim como a aprovação por parte do Parlamento da Turquia de um projeto sobre o envio de militares para o Azerbaijão.
"Os países estão aumentando sua presença militar na região. O Irã transferiu suas tropas para a fronteira, enquanto a Rússia enviou um contingente de paz para Nagorno-Karabakh", explicou Melkonyan.
O terceiro grande ator regional, Ancara, não oculta sua aspiração de reforçar sua presença no sul do Cáucaso, como demonstra a criação do centro de controle e o envio de tropas para o Azerbaijão, salientou o especialista.
Segundo ele, Baku permitiu a Ancara entrar na região: as autoridades do Azerbaijão legitimaram a presença turca de fato em seu país. Desta forma, acrescentou, a Turquia demonstra sua força apoiando o país no conflito e enviando, assim, uma mensagem à Rússia, Irã e Armênia.
Melkonyan salientou que o peso da Turquia no mundo aumentou: já não é o mesmo país dos anos 50-90 do século passado. A ameaça de uma agressão turca na região não foi eliminada por completo, o que significa que as coisas podem piorar no sul do Cáucaso, acredita.
Quanto à declaração tripartida sobre a república autoproclamada, de acordo com Melkonyan, com sua assinatura foi destruída a frágil base para uma solução que estava sendo desenvolvida nas últimas décadas.
Neste sábado (21), o ministro da Defesa da Turquia, Hulusi Akar, afirmou que militares turcos vão partir em breve para o Azerbaijão, acrescentado que as tropas já concluíram seu treinamento.
"Nossos militares vão trabalhar no centro conjunto [em Nagorno-Karabakh] com a Federação da Rússia por um ano", comentou o ministro.
Os presidentes da Rússia, Armênia e Azerbaijão assinaram uma declaração conjunta sobre o cessar-fogo, que entrou em vigor em 10 de novembro. Além disso, a Armênia aceitou uma série de concessões territoriais.