Por que Israel recua e não toma medidas para anexar a Cisjordânia?

© REUTERS / Hassan AmmarManifestante cobre o rosto durante protestos contra o plano apresentado pela Casa Branca para a questão israelo-palestina, próximo da representação dos EUA em Beirute, no Líbano, em 2 de fevereiro de 2020
Manifestante cobre o rosto durante protestos contra o plano apresentado pela Casa Branca para a questão israelo-palestina, próximo da representação dos EUA em Beirute, no Líbano, em 2 de fevereiro de 2020 - Sputnik Brasil
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Apesar de declaração de Netanyahu, Israel ainda não tomou nenhuma medida para anexar a Cisjordânia. Administração Trump teria pedido que Tel Aviv adie a anexação, até depois das eleições gerais, previstas para março.

Após o lançamento do plano da Casa Branca para a paz no Oriente Médio, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, declarou que iria iniciar a anexação dos assentamentos na Cisjordânia no dia 2 de fevereiro.

A anexação iria incluir todos os assentamentos judaicos na Cisjordânia, além de extensas faixas de terras consideradas estratégicas, como as da costa do Rio Jordão, que garantem o acesso à água potável.

No entanto, não houve reunião do gabinete de ministros israelenses para debater as anexações e nenhum assentamento foi, até agora, declarado parte integral do Estado de Israel.

Apesar de Washington ter demonstrado seu apoio incondicional a Israel com o lançamento de plano que atende, em grande medida, antigas demandas de Tel Aviv, não houve apoio para a anexação imediata de assentamentos na Cisjordânia.

© REUTERS / Raneen SawaftaManifestante palestino discute com soldado israelense durante protesto contra o plano de Trump, em 29 de janeiro de 2020
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Manifestante palestino discute com soldado israelense durante protesto contra o plano de Trump, em 29 de janeiro de 2020

A administração Trump, no entanto, teria solicitado a Israel que deixe qualquer anexação territorial para depois das eleições gerais, previstas para o dia 2 de março.

Na quinta-feira (30), o cunhado do presidente dos EUA e coordenador do plano, Jared Kushner, concedeu entrevista ao GZERO Media, dizendo que esperava que os israelenses esperassem as eleições para proceder com as anexações.

Desde as últimas eleições gerais israelenses, celebradas em setembro de 2019, Benjamin Netanyahu lidera um governo interino em Israel, após repetidas tentativas malsucedidas de formar um governo de coalisão. 

"Precisamos de um governo em Israel para colocar o plano em prática", disse Kushner.

Caso não anexe nenhum território, Netanyahu, líder do partido centrista Likud, pode ver as suas chances de vitória nas eleições de março prejudicadas, reportou o The New York Times. 

© REUTERS / Susan WalshConselheiro da Casa Branca e coordenador do plano dos EUA para o conflito israelo-palestino, Jared Kushner, durante o lançamento oficial do plano, em Washington, em 28 de janeiro de 2020
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Conselheiro da Casa Branca e coordenador do plano dos EUA para o conflito israelo-palestino, Jared Kushner, durante o lançamento oficial do plano, em Washington, em 28 de janeiro de 2020

De acordo com a cientista política da Universidade Hebraica de Jerusalém, Gayil Talshir, caso não aproveite o lançamento do plano para obter ganhos territoriais para o Estado de Israel, Benjamin Netanyahu poderá perder votos para partidos mais à direita.

O líder do partido de direita Yamina e ministro da Defesa, Naftali Bannett, escreveu nas redes sociais que "quaisquer adiamentos" nos planos de anexação significariam que eles não seriam executados "nos próximos 50 anos".

"Se nós adiarmos ou reduzirmos o escopo da aplicação da soberania, iremos transformar a oportunidade do século na gafe do século", declarou.

O prefeito do assentamento de Beit El, Shai Alon, alertou que parte do eleitorado deve ficar "profundamente frustrado" com Netanyahu, caso ele não "imponha soberania" antes do início do processo eleitoral.

"Nós celebramos a extensão da soberania na mídia, mas não avançamos nem um milímetro na prática", disse Alon.

Por outro lado, o anúncio do plano da Casa Branca pode ter desviado a atenção do eleitorado, que estava focada nos escândalos de corrupção envolvendo o primeiro-ministro, para assuntos diplomáticos e de segurança.

O plano prevê a criação de um Estado palestino com soberania limitada, sem possibilidade de manter Forças Armadas. Além disso, os territórios reservados à Palestina não seriam contíguos, não teriam acesso à fonte de água ou território marítimo e seriam rodeados pelo Estado israelense.

O presidente Trump apresentou o plano para que servisse como "base para as negociações diretas" entre israelenses e palestinos. No entanto, a liderança palestina, que não participou das negociações, rejeitou a adoção do plano.

© REUTERS / Brendan McDermidPresidente dos EUA, Donald Trump, pisca para o primeiro ministro Benjamin Netanyahu, em reunião pouco antes do lançamento do plano para a paz, em 28 de janeiro de 2020
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Presidente dos EUA, Donald Trump, pisca para o primeiro ministro Benjamin Netanyahu, em reunião pouco antes do lançamento do plano para a paz, em 28 de janeiro de 2020

Os Estados-membros da Liga Árabe, reunidos no Cairo, no domingo (2) apoiaram a posição da Palestina. O presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, ameaçou cortar todos as relações com Israel e com os EUA, inclusive na área de segurança.

No entanto, o jornal norte-americano reportou que a diretora da agência de inteligência dos EUA (CIA, na sigla em inglês), Gina Haspel, teria visitado a cidade de Ramalllah na quinta-feira (30), para discutir o plano com membros do governo palestino.

No último dia 28, o presidente norte-americano, Donald Trump, apresentou o plano de paz para o conflito israelo-palestino, após três anos de elaboração.

© SputnikPlano de Trump para resolver disputas Israel-Palestina
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