Ataque químico em Aleppo: o que virá a seguir?

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Os ataques químicos em Aleppo falam da intenção dos EUA de continuarem alcançando seus objetivos na Síria, comentou à Sputnik o especialista sírio Salah al Hashawati, propondo dois cenários possíveis. A Síria tem uma posição geopolítica extremamente vantajosa, por isso Washington não se retirará tão facilmente.

"Os norte-americanos ocupam de forma completamente ilegal toda a parte oriental do rio Eufrates. Desse modo, eles reforçarão sua presença, organizarão uma cooperação mais estreita com a Turquia e controlarão a situação na província de Idlib. Washington continua apoiando os terroristas da Frente al-Nusra, concedendo-lhes dados de inteligência e impedindo as operações antiterroristas nesta região. O nível de tensão está crescendo", comentou o analista.

Segundo ele, podemos supor que em caso de uma nova fase na agressão contra o governo sírio, os sistemas russos S-300 poderiam ser atacados tanto pelos EUA como por Israel. Agora, esses sistemas são um fator de contenção, garantindo uma resposta imediata e sendo perigosos e desconfortáveis para a política norte-americana.

Members of jihadist group Al-Nusra Front take part in a parade calling for the establishment of an Islamic state in Syria, at the Bustan al-Qasr neighborhood of Aleppo, on October 25, 2013. - Sputnik Brasil
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Washington contribui para que em Idlib não se realize a operação militar e para fazer fracassar o plano de desarmamento dos terroristas, o que pode afetar as relações russo-turcas, fazendo fracassar o processo de negociações em Astana, opina Salah al Hashawati.

Ao mesmo tempo, os EUA apresentam o Irã como uma ameaça internacional, apesar de ele estar desempenhando um papel importante na estabilização da situação na Síria. Isso é necessário para que os países estrangeiros tenham um pretexto para manter suas forças na Síria, comentou o analista à Sputnik Árabe.

Além do cenário militar, os EUA têm outro plano que consiste em três direções.

"Primeiro, os norte-americanos exercerão pressão sobre a Organização para a Proibição de Armas Químicas (OPAQ). Eles tentarão transformar essa organização em uma arma sua para a usarem contra a Síria e a Rússia. Será possível ligar a investigação do caso Skripal, em Londres, e os ataques em Aleppo e declarar que foi a Rússia quem forneceu armas químicas a Damasco", explicou o analista, acrescentando que isso poderia ser um pretexto cómodo para novas sanções contra a Rússia.

O segundo aspecto é a pressão econômica sobre a Síria, afirma o especialista sírio. Os EUA se esforçam para cortar a Damasco a possibilidade de se recuperar depois da guerra. Eles introduzem sanções contra as empresas que fornecem petróleo iraniano à Síria, procuram fragmentar o sistema econômico do país, criando condições diferentes para regiões diferentes da Síria.

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Em terceiro lugar, "os EUA procurarão fazer entrar o máximo de candidatos seus no Conselho Constitucional, para que o novo documento principal da Síria seja elaborado na forma mais favorável para eles". Washington precisa de uma Síria dividida, que consista de partes independentes apenas com o mesmo nome.

"Os norte-americanos querem tornar a Síria em uma dor de cabeça para a Rússia. Segundo o cenário, a crise lá deve continuar permanentemente, como uma ferida aberta. É cómodo para realizar uma política antirrussa", concluiu Salah al Hashawati.

No que se toca a vantagens, uma Síria dividida garante várias aquisições.

Aqui existem interesses de Israel, que pretende construir uma rodovia dos países do golfo Pérsico até aos portos israelenses na costa do mar Mediterrâneo para arrecadar sua parte dos lucros da passagem do petróleo. Através do território sírio poderia se abrir uma ferrovia vantajosa para todos os países da região. Além disso, a Síria se transformaria em uma zona neutra para manter conflitos internacionais, o que é interessante para todos os países "conflituosos", disse o analista.

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