"Nós sempre fechamos os olhos para o que está acontecendo na Arábia Saudita — desde o início", disse Baer ao jornalista Jake Tapper, da CNN, na terça-feira.
O ex-agente ressaltou que os laços estreitos entre as nações fazem Washington relutante em atacar o reino não apenas no que diz respeito ao caso Khashoggi, mas também nas questões de abusos de direitos humanos e na devastadora guerra liderada pelos sauditas no Iêmen.
O jornalista dissidente e colaborador do jornal The Washington Post, Jamal Khashoggi, desapareceu no início de outubro depois que ele entrou no consulado saudita em Istambul. A Arábia Saudita alega que ele foi morto durante uma briga espontânea e prometeu investigar sua morte. As autoridades turcas, por sua vez, insistem que os sauditas enviaram um "esquadrão da morte" para assassinar o jornalista. Seu corpo ainda não foi localizado.
O assassinato de Khashoggi provocou indignação internacional. O presidente dos EUA, Donald Trump, advertiu que o reino enfrentará uma "punição severa" se de fato tiver feito um ataque ao jornalista. Os EUA, no entanto, optaram por manter os acordos de armas existentes com os sauditas e disseram que não acreditavam que a liderança do país estivesse por trás do fim do dissidente.
Washington está mais interessado em manter a estabilidade da Arábia Saudita do que em buscar a verdade e criticar o príncipe herdeiro Mohammad bin Salman, argumentou Bob Baer. O reino permanece entre os principais compradores de armas fabricadas nos EUA e aliado estratégico de Washington na região.
"A Arábia Saudita é um vulcão agora. Não temos jogadores do nosso lado [além de Salman]", avaliou Baer, que agora é autor e comentarista. "O que preocupa a Casa Branca é que esse país pode explodir".
De acordo com a recente reportagem do jornal The New York Times, a gravação em áudio do assassinato de Khashoggi, dada à CIA pela Turquia, revela como um membro da "equipe de matar" instruiu um superior a "contar ao seu chefe" sobre o sucesso da missão. Os oficiais de inteligência dos EUA acreditam que o "chefe" em questão é Salman, informou o jornal.
Ao mesmo tempo, o conselheiro de segurança nacional de Trump, John Bolton, que não escutou a fita, sugeriu fortemente que "não foi a conclusão" que os policiais fizeram.
Bob Baer achou difícil concordar com Bolton e observou que o príncipe herdeiro "está no controle" de todos os serviços de segurança sauditas. "Os sauditas não têm operações independentes — nunca. Isso nunca ocorreu".
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