Em entrevista à Sputnik Persa, Boris Dolgov, especialista do Centro de Estudos Árabes e Islâmicos, e Simon Tsipis, especialista israelense e funcionário do Instituto de Estudos de Segurança Nacional da Universidade de Tel Aviv, comentaram as condições para a aliança israelense com países árabes e as circunstâncias para a adesão de Israel à OTAN no Oriente Médio.
A aliança não se concretizará
"Certamente, essas declarações foram feitas pela liderança de Israel. [Na região] há uma confrontação sunita-xiita. Sunitas são liderados pela Arábia Saudita e xiitas pelo Irã […] Para Israel, o Irã é inimigo, enquanto os aiatolás estão no poder", disse o especialista.
Segundo ele, é "irrealista" a aliança de Israel com Estados sunitas e no mundo muçulmano pode ser considerada de forma bastante negativa.
"É improvável que esses países, especialmente o Egito, concordem com a participação de Israel nessa aliança […] Talvez Israel, e isso é possível, planeje trabalhar com esses países contra o Irã", comentou.
O especialista expressou a opinião de que, mesmo que os países árabes concordem em se unirem a Israel para uma possível aliança, a condição para a entrada de Israel na OTAN "árabe" passará por uma solução do problema palestino, com o qual Israel provavelmente não concordará.
"O problema palestino é uma pedra no caminho entre Israel e o mundo árabe. O Egito nesse aspecto é muito inflexível a favor dos palestinos. Na Jordânia, há um grande número de palestinos e organizações palestinas, que, naturalmente, se oporão a essa solução do problema da Palestina. Se considerarmos a participação hipotética de Israel, então talvez a condição para isso seja uma solução do problema palestino, para o qual é improvável que Israel ceda. Isso também é óbvio", disse Dolgov.
A aliança deve acontecer
"A possibilidade é absolutamente real, porque Israel, Estados Unidos e Arábia Saudita têm um interesse comum – o confronto com o Irã. […] Os interesses de Israel coincidem aqui. Israel tem um confronto político muito tenso com o Irã", comentou.
Segundo ele, a República Islâmica do Irã ameaça Israel com destruição e está desenvolvendo um programa nuclear para isso.
"Além disso, o Irã está cansado da situação entre a Síria e Israel, apoiando grupos de militantes que lutam ao lado de Assad e tentando construir sua infraestrutura para futuras agressões contra Israel; e também apoia o grupo Hamas, que realiza periodicamente confrontos com o exército israelense a partir do território da Faixa de Gaza", salientou o analista.
O Egito e Israel, como a Jordânia e Israel, têm tratados de paz e entre os países existe um mundo considerado "frio", por isso a participação desses Estados em uma coalizão é possível. Esta é uma perspectiva absolutamente realista, relata Tsipis.
O problema palestino ficará em segundo plano
Mesmo que os cidadãos palestinos que residem no Egito e na Jordânia se oponham a essa coalizão, suas vozes não serão ouvidas porque a luta anti-iraniana terá mais peso do que o problema palestino, acredita o cientista político.
"Tanto na Jordânia como no Egito as minorias palestinas podem se opor à essa aliança, mas elas não representam uma ameaça à segurança nacional do Egito ou da Jordânia. A questão palestina será relegada ao segundo lugar, e a coalizão da OTAN no Oriente Médio vem primeiro", comentou.
Tsipis observou que a única condição que pode ser apresentada a Israel por parte dos países árabes será a solução da questão palestina.
"Israel dispõe de substanciais capacidades navais, aéreas e também de reconhecimento. Os membros da coalizão, em particular, os Estados Unidos, desejarão evocar a ajuda de Israel, que pode ser sujeita a uma condição relacionada com a solução do conflito palestino-israelense", disse.
Tsipis acredita que Israel concordará em aceitar as condições estabelecidas, já que a participação nessa coalizão é um grande passo à frente.
"Em minha opinião, Israel aceitará tais condições. Primeiro, a participação nessa coalizão elevará o prestígio de Israel aos olhos de muitos países do mundo muçulmano, porque ele de fato se tonará um aliado. Em segundo lugar, a questão mais importante para Israel – o Irã – será resolvida. Se o Irã não for derrotado, o país será significativamente enfraquecido do ponto de vista militar. Assim, Israel vai querer garantir que o Irã enfraqueça seu controle na Síria e na Faixa de Gaza", concluiu Tsipis.
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