O Reino Unido pediu uma sessão especial ainda no final de Maio, apresentando a necessidade de defender o banimento global de armas químicas. A organização intergovernamental teve como principal motivo de sua fundação a verificação e aderência à Convenção sobre Armas Químicas.
Moscou já afirmou que não reconhecerá a decisão, pois considera a medida um "forte golpe contra a convenção e a OPAQ", segundo afirmou nesta quinta-feira (29) o vice-ministro de Relações Exteriores russo, Sergei Ryabok.
Menos credibilidade
Segundo o parlamentar suíço Emmanuel Kilchenmann, em entrevista à Sputnik, a decisão apoiada pelo Reino Unido e os Estados Unidos, da atribuição de maiores poderes ameaça a credibilidade da OPAQ e a transforma em uma ferramenta política.
"Essas organizações neutras não deveriam ser utilizadas como ferramenta para a política. Nós vemos exatamente as intenções por trás desta proposta dos Estados Unidos e do Reino Unido. Esses aliados tentam o tempo todo usar algumas instituições para torná-los mais fortes em esforços para lhes garantir mais credibilidade em suas alegações. Elas deveriam permanecer neutras, objetivas, e não serem uma ferramenta da política", afirmou Kilchenmann.
O representante da Rússia no OPAQ, Alexander Shulgin, disse que a atmosfera na sessão de quarta-feira era tensa e apontou que houve tentativas de chantagem sobre os aliados mais próximos da Rússia para que apoiassem a resolução.Apesar desses esforços, a China, a Índia, e a África do Sul apoiaram a rejeição russa sobre a moção.
Durante a votação, Shulgin ressaltou que a posição da Rússia era de que o Conselho de Segurança da ONU é a única organização que pode impor sanções e atribuir responsabilidade a qualquer um pelo uso de aramas químicas.
A politização da questão das armas químicas
A sessão especial foi convocada em torno da polêmica criada por um suposto ataque químico na cidade síria de Douma, próxima a Damasco, em abril. O governo sírio negou com veemência que tenha tido alguma responsabilidade sobre esses ataques. No entanto, o Reino Unido, a França e os Estados Unidos lançaram dezenas de ataques aéreos em uma ação militar focada em destruir supostas fábricas de armas químicas em Damasco.
A delegação russa da OPAQ fez críticas aos métodos da organização em realizar as investigações do incidente e conclusões consideradas de pouca substância.
Para Tarek Ahmad, representante Partido Social Nacionalista da Síria, os Estados ocidentais já estão utilizando as alegações de "armas químicas" contra o governo da Síria, portanto esta decisão seria a criação de uma solução conveniente para continuar a linha de atuação.
"A questão das armas químicas é uma das armas nas mãos dos Estados ocidentais contra a Síria. É uma ferramenta fácil para colocar a culpa em alguém. Os aliados ocidentais tentam criar um novo mecanismo mais confortável que dará mais credibilidade à sua alegações infundadas", disse Ahmad.
Mais Krydee, um representante da Frente Democrática da Síria, acredita que os novos poderes da OPAQ são parte de uma estratégia geral para pressionar a Rússia e a Síria.
"Este é um jogo político destinado a pressionar os governos russo e sírio. É feito por aqueles que querem interferir na Síria, eles precisam de qualquer ocasião", disse Krydee à Sputnik.
O chefe da delegação russa na sessão especial da OPAQ disse que a organização parecia dividida e seus membros ponderaram o futuro da OPAQ após a aprovação da moção.
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