ONU abandona Iêmen na iminência de ataque saudita e norte-americano

© REUTERS / Abduljabbar ZeyadSoldado passeando pelo porto de Hodeidah no mar Vermelho, Iêmen
Soldado passeando pelo porto de Hodeidah no mar Vermelho, Iêmen - Sputnik Brasil
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Na terça-feira, a Cruz Vermelha Internacional e a ONU retiraram seus trabalhadores humanitários internacionais do porto iemenita de Hodeidah, temendo o ataque de forças pró-governo apoiadas pelos EUA, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos (EAU).

O analista político independente Marwa Osman disse à Sputnik que, se a coalizão liderada pelos sauditas se aproximar do porto de Hodeidah, atualmente controlado por rebeldes Houthis, o Iêmen se afundará ainda mais no desastre humanitário. 

De acordo com estimativas da ONU, cerca de 10 mil iemenitas foram mortos e 53 mil ficaram feridos desde que a coalizão liderada pela Arábia Saudita lançou sua operação no país em 2015.

"O problema não é a invasão. Esta já aconteceu há duas semanas e acabou em desastre para as milícias dos Emirados Árabes Unidos. Em toda a mídia árabe foram vistos os corpos de mais de 120 mercenários dos Emirados Árabes Unidos que tentaram invadir Hodeidah", disse Osman.

"A questão é a catástrofe humanitária no Iêmen, que está em curso há três anos e meio. Isso não é algo novo. No entanto, pode ser ainda mais exacerbado se o porto de Hodeidah estiver bloqueado", explicou Osman. Mais de 70% das importações do Iêmen, incluindo alimentos e remessas de ajuda, passam pelo porto de Hodeidah, informou o Independent em maio.

De acordo com Abdikadir Mohamud, diretor do grupo de ajuda Mercy Corps no Iêmen, o esforço de ajuda a Hodeidah diminuiu antes mesmo de os combates atingirem a cidade.

Secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, à direita, em encontro com o ministro de Relações Exteriores dos Emirados Árabes Unidos, Sheikh Abdullah bin Zayed Al Nahyan. O encontro foi realidado no Departamento de Estado, em Washington, no dia 14 de maio de 2018. - Sputnik Brasil
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"Muitas organizações humanitárias estão sendo forçadas a deixar a cidade, os motoristas estão se recusando a levar seus caminhões para lá e os bancos estão lutando para transferir fundos", disse Mohamud em comunicado divulgado terça-feira à NPR.

O Iêmen está envolvido em um conflito armado entre o governo liderado pelo presidente iemenita Abd Rabbuh Mansur Hadi e o movimento houthi no norte do país desde 2015. Uma coalizão liderada pela Arábia Saudita, composta principalmente por países árabes, vem realizando ataques aéreos contra os houthis a pedido de Hadi desde março de 2015. Os EUA apoiaram os sauditas reabastecendo aeronaves sauditas e dos Emirados Árabes Unidos e fornecendo assistência para realizar ataques aéreos e compartilham informações de inteligência.

"Uma invasão dos EAU e da Arábia Saudita — apoiada pelos EUA — em Hodeidah poderia causar milhares de mortes no Iêmen. E não é só pessoas em Hodeidah que seriam afetadas por uma invasão. Muitas outras cidades no Iêmen, especialmente nas partes centro e norte, também poderiam ser devastadas", disse Osman à Sputnik.

Na segunda-feira, o secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, divulgou a seguinte declaração: "Os Estados Unidos estão acompanhando de perto os desenvolvimentos em Hodeidah, Iêmen. Falei com líderes dos Emirados e deixei claro nosso desejo de tratar de suas preocupações de segurança, preservando o livre fluxo humanitário, auxílios e importações comerciais que salvam vidas".

"Esperamos que todas as partes honrem seus compromissos de trabalhar com o Escritório Especial do Secretário-Geral da ONU para o Iêmen nessa questão, apoiem ​​um processo político para resolver esse conflito, garantam o acesso humanitário ao povo iemenita e mapeiem um futuro político para o Iêmen", acrescentou Pompeo.

Em maio, um relatório do New York Times revelou que os Boinas Verdes do Exército dos EUA estavam trabalhando na fronteira entre o Iêmen e a Arábia Saudita, "fazendo o trabalho sujo da Arábia Saudita", disse Kiriakou, um veterano profissional de inteligência.

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