Mídia: rebeldes 'anti-Daesh' treinados pela Noruega se viram contra Assad

© AP PhotoSoldados do exército sírio em seus caminhões militares gritando lemas em apoio ao presidente sírio Bashar Assad, entrando em uma aldeia perto da cidade de Jisr al-Shughour, ao norte de Damasco, Síria (Arquivo)
Soldados do exército sírio em seus caminhões militares gritando lemas em apoio ao presidente sírio Bashar Assad, entrando em uma aldeia perto da cidade de Jisr al-Shughour, ao norte de Damasco, Síria (Arquivo) - Sputnik Brasil
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Os "rebeldes" sírios treinados pela Noruega para combater o Daesh (grupo terrorista proibido na Rússia e em outros países) agora estão direcionando suas armas contra o governo sírio. O líder dos rebeldes não nega que o desejo de derrubar Bashar Assad é o objetivo principal.

A milícia síria treinada pela Noruega, denominada Exército do Comando Revolucionário (MaT), com objetivo de ajudar a derrotar o Daesh, está agora travando uma guerra contra as forças sírias favoráveis ao governo, reporta o jornal norueguês Klassekampen.

Segundo o jornal, o grupo rebelde está lutando agora abertamente por uma mudança de regime na Síria, além de ser uma parte importante dos esforços dos EUA para evitar a influência iraniana na região. 

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Em maio de 2016, foi anunciado que soldados noruegueses seriam enviados para o país vizinho da Síria, a Jordânia, para fornecer "treinamento, aconselhamento e apoio operacional" aos grupos paramilitares sírios que combatem o Daesh, como parte da Operação Resolução Inerente, liderada pelos EUA. Em junho de 2016, o parlamento norueguês aprovou missões similares na própria Síria. 

Enquanto a contribuição da Noruega na Síria foi formalmente concluída em março deste ano, após o fim formal do mandato, a natureza e extensão exata do envolvimento da Noruega foram mantidas em segredo. O comandante do MaT, Muhannad al-Talla, confirmou para o jornal norueguês que seu grupo foi treinado por noruegueses em Al-Tanf, no sudeste da Síria, onde os EUA têm uma base. 

Embora a primeira-ministra Erna Solberg e a então ministra da Defesa norueguesa Ine Eriksen Soreide tenham enfatizado que o mandato era para combater o Daesh, garantindo que isso "não colocará em perigo o processo de paz", al-Talla disse que seus aliados ocidentais nunca esconderam que seus soldados estavam combatendo contra os terroristas e o governo sírio.

"Desde o início eu estava completamente ciente de que estava combatendo o 'Estado Islâmico' e as forças de al-Assad. [O Daesh] estava claramente enfraquecido. Agora a prioridade é lutar contra Assad", admitiu al-Talla ao Klassekampen.

A base de al-Tanf é um posto estratégico ao longo da principal rota entre Damasco e Bagdá. Os EUA criaram a chamada zona de segurança de 55 quilômetros quadrados protegida por soldados norte-americanos com ajuda das unidades de al-Talla. 

Dentro da zona, as tropas aliadas a Assad foram bombardeadas pelo menos duas vezes por aeronaves de combate dos EUA. Ao mesmo tempo, vários grupos rebeldes, inclusive o MaT, participaram na ofensiva contra as forças governamentais depois da retirada do Daesh do leste da Síria. 

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O porta-voz e o conselheiro do Exército Livre da Síria, Ibrahim al-Idlibi, confirmou para o Klassekampen que a "milícia" treinada pela Noruega participou do combate contra as forças associadas a Assad, como a operação "O País é Nosso" ocorrida em maio e junho de 2017. 

Embora o governo da Síria tenha conseguido retomar a maior parte do território do país do Daesh e de vários grupos rebeldes, o líder do MaT, Muhannad al-Talla, não está pronto a depor as armas. 

"É verdade que o atual equilíbrio do poder favorece Assad. Mas nunca lhe permitiremos ter paz. Mesmo se ele vencer a guerra, continuaremos tornando sua vida infeliz", prometeu al-Talla.

Segundo o jornal Klassekampen, o MaT e outros grupos paramilitares apoiados pelo Ocidente fazem parte de um jogo das superpotências, em que os EUA buscam a garantir o controle da fronteira entre a Síria e o Irã para impedir a extensão da influência iraniana na região.  

De acordo com al-Idlibi, o objetivo do MaT e dos grupos rebeldes similares é "combater os grupos iranianos e xiitas" na região.  Ele também prometeu que a luta continuará "até que a missão esteja cumprida". 

"No momento, o objetivo é controlar a rota principal entre Damasco e Bagdá. Assim, impedimos a expansão das forças iranianas entre a Síria e o Iraque através do deserto", observou. 

Tanto Muhannad al-Talla, como o Ministério da Defesa da Noruega negaram a participação dos noruegueses na luta contra o governo sírio e seus aliados. A Noruega encerrou formalmente a sua missão na Síria com a decisão de se focar no Iraque.

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