Entrevistado pela Sputnik França, o especialista Tony Fortin, membro da direção do Observatório de Armamentos, explicou como a França se tornou fornecedora de armas usadas agora contra os rebeldes iemenitas.
"Indústria francesa esteve desde 2011 fabricando as armas que, como pensavam, iriam proteger o Líbano e ajudar no combate ao terrorismo […] Mas em 2015 [o governo] pediu aos produtores para adaptarem os armamentos desenvolvidos às condições do Iêmen. Várias empresas se surpreenderam com o fato de as armas que estiveram produzindo irem ser utilizadas para bombardear a população civil", comentou o analista francês.
Apesar das preocupações por parte de ativistas de direitos humanos e especialistas, até hoje não foi criada nenhuma comissão internacional que verifique se tais contratos respeitam a legislação internacional, sublinha Fortin. No entanto, ressalta, há sinais que o novo governo da França esteja disposto a se distanciar desta prática. Em particular, um grupo de deputados propôs criar uma comissão que examine os contratos de venda firmados nos últimos três anos.
De acordo com Fortin, um dos problemas de tais contratos militares é seu caráter parcialmente secreto, pois são realizados com participação de empresas intermediárias, cujas atividades e legitimidade suscitam dúvidas, além do caráter não transparente dos próprios acordos: não se sabe o que o país fornece e em que quantidade. Por isso o analista avalia positivamente as notícias sobre fechamento da ODAS.
O conflito armado no Iêmen tem se arrastado desde 2014. Por um lado, estão os rebeldes houthis do movimento xiita Ansarullah, e por outro — as tropas governamentais e milícias, com apoio aéreo e no terreno da coalizão árabe encabeçada pela Arábia Saudita.
Segundo os dados, desde o início das ações da coalizão árabe no Iêmen, a Arábia Saudita já utilizou mais de 150 mil militares e mais de 100 aeronaves na luta contra os rebeldes do país vizinho, onde a intervenção já deixou milhares de vítimas.