Opinião: com operação militar em Afrin, Ancara comete um erro imperdoável

© AFP 2023 / Nazeer al-KhatibCombatentes pró-turcos do Exército Livre da Síria participam da operação militar turca em Afrin
Combatentes pró-turcos do Exército Livre da Síria participam da operação militar turca em Afrin - Sputnik Brasil
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Ao lançar uma ofensiva contra as forças curdas na região síria de Afrin, o exército da Turquia corre o risco de sofrer grandes perdas, declarou em uma entrevista ao jornal Vzglyad o diretor do Centro de Pesquisas do Oriente Médio-Cáucaso, Stanislav Tarasov.

"Os americanos prepararam bem os curdos, assim que estão armados até os dentes, e serão capazes de repelir o ataque", explicou.

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Além disso, salientou que Damasco tem o direito legítimo de "deslocar as atividades militares para o território do país agressor", ou seja, para a Turquia. Segundo indicou Tarasov, "parece que os americanos tentam levar Erdogan a um ponto de não-retorno para envolvê-lo uma guerra".

De acordo com o especialista russo, "esta não será uma ofensiva de um só dia". Além disso, ele afirmou que agora é possível um golpe militar na Turquia.

"Indo contra os EUA, OTAN e Europa, Erdogan não chegou a um acordo nem com o Irã, nem com a Rússia. Assim, as manobras táticas ambiciosas dele podem falhar após o primeiro confronto com as unidades curdas, que tem alta capacidade de combate", destacou Tarasov.

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De acordo com ele, os resultados pouco significativos da operação Escudo do Eufrates não permitiram ao exército turco mostrar a sua eficiência militar, não obstante, atualmente, o país "não só tem conflitos em suas fronteiras, como também corre o risco de perder sua integridade territorial", algo que seria "uma segunda catástrofe geopolítica após a dissolução da URSS".

O analista também qualificou a operação Ramo de Oliveira como um "erro político" de Erdogan.

Tarasov lembrou que Turquia sempre foi um dos países mais abertos e integrado no Ocidente.

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"Não está claro por que os americanos estão montando uma armadilha para seu aliado da OTAN", questionou. Ao mesmo tempo, ele explicou que a situação na Turquia é o passo seguinte do cenário da "primavera árabe" provocada pelos norte-americanos, tal como o fizeram no Iraque e Líbia.

"Além disso, os norte-americanos terão a possibilidade de intervir no Irã pegando carona dos curdos", detalhou.

Em 20 de janeiro, os militares turcos lançaram a operação Ramo de Oliveira contra os combatentes curdos em Afrin. Depois de uma ofensiva aérea, da qual participaram 72 aviões, Ancara anunciou o início de uma operação terrestre na área.

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