A Sputnik Alemanha entrevistou o líder da organização, Bernd Duschner, que afirmou que os sírios sofrem mais com as sanções ocidentais do que com a guerra civil que o país tem enfrentado desde 2011.
Inicialmente, a Amizade com Valjevo foi fundada em 1999 por os alemães terem ficado horrorizados com o bombardeio pela OTAN da Iugoslávia e passaram a prestar ajuda ao povo da cidade sérvia de Valjevo, que foi quase destruída pelos bombardeamentos.
A organização estabeleceu contatos com a Síria há três anos, quando os ativistas realizaram sua primeira campanha de arrecadação de fundos destinados a um menino de Damasco, fazendo com que este pudesse ser operado na Alemanha.Além disso, a Amizade com Valjevo arrecadou recursos para comprar equipamento necessário para purificação de água para um hospital sírio. O dinheiro foi entregue via território do Líbano, já que as operações financeiras diretas com a Síria estão banidas devido às sanções.
Até mesmo medicamentos, materiais de consumo médico, equipamentos e suas peças sobresselentes são praticamente inacessíveis para os hospitais sírios por conta das sanções financeiras e econômicas ocidentais.
Sanções provocaram a guerra civil
"A guerra civil começou na Síria em 2011 com a decisão de introduzir sanções. Em nossa opinião, se tratou de medidas preparativas para a guerra, já que as sanções deste tipo paralisam a econômica do país, criam um desemprego maciço e agravam seriamente o suprimento de recursos aos cidadãos. Por sua vez, isso agravou os conflitos étnicos e sociais e empurrou o país para a guerra civil. Então, começamos a pensar o que poderíamos fazer pela população síria", assinalou Duschner à Sputnik Alemanha.
Entre outras iniciativas da organização, vale destacar que a Amizade com Valjevo organizou cursos de costura para mulheres sírias e até compraram para elas todo o equipamento necessário para desenvolverem sua atividade.

"Para nós é importante não apenas fornecer ajuda humanitária […], mas também, com nossas campanhas, queremos revelar o impacto catastrófico das sanções."
"Segundo estimativas, durante os seis anos da guerra na Síria morreram mais pessoas devido à deficiência de tratamento médico do que por causa da guerra", frisou Duschner.
Como as fronteiras abertas pioraram a situação?
Bernd Duschner aponta que, ao abrir as fronteiras em 2015, a Alemanha contribuiu para a crise síria.
"A maior parte das pessoas aqui acredita que o governo tenha aberto as fronteiras para ajudar os sírios. Mas não é verdade. Desde 2014, as autoridades da Alemanha ordenaram a seus serviços migratórios terem como prioridade os sírios e proporcionar-lhes asilo […] Naquela época, o governo da Síria estava lutando para sobreviver, Palmira e Idlib tinham sido conquistadas", contou ele."As forças dos islamistas estavam se aproximando da capital. A classe média que tinha possibilidades financeiras abandonou a Síria. Neste sentido, as autoridades da Alemanha contribuíram para o refluxo de mão-de-obra.", explicou seu ponto de vista Duschner.
"Caso o governo da Alemanha quisesse realmente ajudar o povo, então as autoridades deveriam ter levantado as sanções. Contudo, o verdadeiro objetivo era enfraquecer o país e, na fase crítica, privá-lo da mão-de-obra e especialistas […] Desde que a Rússia interferiu, a Síria conseguiu recuperar a situação, e o governo alemão começou gradualmente restringindo essa liberdade de circulação."
No momento, a organização está arrecadando recursos para continuar seus projetos. Dos seis milhões de refugiados internos sírios, a maioria dos quais vive em abrigos temporários, 2,8 milhões são crianças. Na sequência das destruições causadas pela guerra, o abastecimento de energia elétrica e gás é limitado, a situação, principalmente no inverno, está se agravando e se tornando crítica.
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