Entenda os resultados alcançados até agora nas negociações sírias em Genebra

© REUTERS / Rodi SaidCombatentes das Forças Democráticas da Síria com armas nas mãos perto de veículos militares em Raqqa, Síria
Combatentes das Forças Democráticas da Síria com armas nas mãos perto de veículos militares em Raqqa, Síria - Sputnik Brasil
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A oitava rodada das negociações sírias em Genebra começou em 28 de novembro com a recém formada delegação da oposição unificada. Porém, as diferenças entre a oposição e o governo tornaram-se ainda mais evidentes.

As negociações foram congeladas pelo menos até terça-feira, aparentemente para dar aos dois lados a chance de voltar para a Suíça com compromissos mais estruturados. Até agora, a rodada tem sido notável por se transformar gradualmente em uma "guerra de todos contra todos".

GOVERNO VS OPOSIÇÃO

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A contradição entre a delegação do governo em Genebra, liderada pelo Representante Permanente da Síria para as Nações Unidas em Nova York, Bashar Jaafari e o lado da oposição, composto por várias plataformas, é bem conhecida: a oposição insiste que o atual presidente Bashar Assad "deve sair”, condição considerada inaceitável pelo governo.

O time da oposição fez um esforço: finalmente formaram uma delegação unificada para as conversas. Anteriormente, várias plataformas de oposição estavam brigando entre si, recusando-se a reconhecer o direito de existir uns aos outros. Como não havia contrapartida nas negociações e nenhuma delegação com a qual negociar, o governo apenas permanecia lutando.

No entanto, de 22 a 23 de novembro, numerosas plataformas de oposição sírias realizaram uma extensa conferência em Riade e conseguiram criar uma equipe de negociações única, compilada pelos representantes da Coalizão da Síria, do Comitê Nacional de Coordenação, das plataformas de Moscou e do Cairo, além de independentes. Eles também elaboraram um documento detalhado de políticas e um programa de negociações. Eles mantiveram seus principais requisitos — a renúncia do presidente Assad no início do período de transição e a saída polícia militar iraniana do país.

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Pode-se esperar conversas diretas, com ambos os lados finalmente tendo objetivos claros. No entanto, a equipe do governo não demonstrou nenhum desejo de diálogo. Jaafari e outros membros da delegação chegaram a Genebra um dia depois que as negociações começarem.

Falando aos jornalistas apenas uma vez após o encontro com o Enviado Especial da ONU para a Síria, Staffan de Mistura, Jaafari acusou a oposição de estabelecer pré-condições para as conversas e chamou o comunicado de Riade-2 de uma clara provocação e irresponsabilidade, "minando o caminho de Genebra-8". Ele saiu de Genebra para consultas em Damasco e disse que "verá" se deve retornar ou não. A oposição, por sua vez, chamou a partida do governo de uma demonstração de irresponsabilidade e pré-condições para as negociações.

ONU e SÍRIOS

De Mistura tentou recuperar o controle sobre a situação. No final da quarta-feira, ele emitiu uma declaração didática, na qual lembrou seus anteriores "pedidos de que as delegações que participam nas negociações se abstenham de deslegitimar outros convidados" e "tendo notado declarações inúteis nos últimos dias", exortou os lados a interromper tal comportamento.

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Incapaz de persuadir os lados a terem um diálogo direto, Mistura tentou uma nova e mais intensa estratégia de mediação: deslocando entre os dois quartos apenas a cinco metros um do outro, onde as delegações ficaram. No entanto, as negociações foram suspensas pelo menos até 5 de dezembro, quando os convidados deverão reunir-se novamente e continuar os esforços para encontrar uma solução pacífica para a guerra civil síria.

MOSCOU, DAMASCO VS DE MISTURA

Jaafari disse a repórteres antes de deixar que Mistura tivesse excedido seu mandato como mediador, propondo seu próprio documento sobre o acordo sírio.

"Não estamos negociando com um mediador, mas através dele. Não nos opomos ao conteúdo do documento, mas à forma", disse Jaafari.

O embaixador da Rússia no escritório da ONU em Genebra, Alexey Borodavkin disse no primeiro dia das negociações que tinha poucas esperanças quanto a  Genebra-8, já que Moscou tinha preocupação sobre o formato e a composição dos participantes, o que significa inclusão na delegação da oposição daqueles que têm uma abordagem "não construtiva" e "desapegada das realidades sírias", de acordo com o enviado.

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Ainda assim, Moscou apoia a intenção de Mistura de continuar essa rodada de conversas e espera que "o bom senso vença entre os delegados da oposição, que consigam ver as realidades políticas e militares na Síria e corrigir sua posição, elaborar abordagens para as negociações, em vez de repetir demandas radicais inúteis", disse Borodavkin.

Ainda é cedo demais para dizer se Mistura conseguiu algum sucesso ou falhou em Genebra-8. Na próxima semana, o enviado especial continuará com conversas diplomáticas.

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