'Obrigado, Trump': hostilidade dos EUA ajuda o Irã a ter mais apoio mundial

© REUTERS / Lucas JacksonMohammad Javad Zarif, ministro das Relações Exteriores do Irã
Mohammad Javad Zarif, ministro das Relações Exteriores do Irã - Sputnik Brasil
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Em uma conferência de imprensa na Itália, o ministro iraniano de Relações Exteriores, Mohammad Javad Zarif, criticou o presidente dos EUA, Donald Trump, por renegar o acordo nuclear com o Irã, bem como sobre a política estadunidense para o Oriente Médio em geral.

"Temos problemas com as políticas que vêm de Washington e acredito que essas políticas são extremamente perigosas, impulsivas e não fundamentadas na realidade", disse Zarif a repórteres em Roma, citando as tentativas da administração Trump de reescrever o Plano Integrado Conjunto de Ação (JCPOA) que trata do programa nuclear do Irã, bem como a crise diplomática do Golfo.

"Geralmente, uma revisão, ou uma reorientação, ou um ajuste cognitivo em nossa região é altamente necessária em Washington", continuou.

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Em outubro, Trump anunciou que decertificaria o acordo nuclear do Irã, chamando-o de "uma das piores e mais unilaterais das transações que os EUA já entraram", e aplicou sanções contra a Guarda Revolucionária do Irã, embora ele não conseguiu se retirar do acordo nuclear.

Mas, segundo Zarif, uma administração republicana anterior sob o presidente George W. Bush tentou forçar Teerã a encerrar o seu programa de enriquecimento nuclear e falhou porque os EUA se recusaram a comprometer-se.

"As relações internacionais tratam de encontrar um equilíbrio entre dar e receber", disse o ministro iraniano.

"Se as pessoas tentam alcançar uma opção de soma zero, elas acabarão perdendo. Não é que um dos lados vencerá, o outro lado perderá. Isso é o que é o JCPOA, é um equilíbrio. Não é o que queremos, não é o que os americanos querem, não é o que os europeus querem, mas é o que conseguimos, e acho que, quanto mais cedo a administração americana em Washington perceber isso, mais cedo podemos superar isso", afirmou.

Zarif acrescentou que a renúncia dos americanos às promessas no acordo nuclear faz com que eles sejam vistos como menos confiáveis. No entanto, apesar da rivalidade e divisão com a linha dura em seu próprio país, a pressão renovada e as sanções dos EUA realmente ajudaram a unir os iranianos.

"A pressão dos Estados Unidos, de fato, criou mais solidariedade no Irã. Atualmente, estou sendo atacado muito menos no Irã do que antes de eleger o Trump. Então, agradeço a ele por isso", comentou.

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Em contrapartida, os outros signatários do acordo JCPOA, incluindo a Rússia e a União Europeia, concordaram com o acordo, argumentando que o Irã cumpriu as obrigações que lhe incumbem por força do acordo.

No final da conferência, um dos outros presente ao encontro perguntou a Zarif o que seria necessário para que Trump e o presidente iraniano Hassan Rouhani se sentassem para uma reunião.

"Você precisa mostrar respeito antes de pedir uma reunião", respondeu o ministro de Relações Exteriores. "Reuniões, relações internacionais, devem basear-se em pé de igualdade e respeito mútuo. E uma vez que qualquer administração dos EUA está pronta para exercer isso, então será uma situação diferente", finalizou.

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