Nova reforma no exército de Cabul seria direcionada contra forças pró-russas?

© AP Photo / Musadeq SadeqExército Nacional de Cabul perto do tanque blindado em Cabul, Afeganistão em 30 de maio de 2006
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As autoridades do Afeganistão estão elaborando um projeto de lei, cuja adoção pode levar à demissão de mais de 60 mil oficiais do exército, polícia e outras estruturas de segurança do país.

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O projeto de lei de aposentadoria será incluído na reforma, segundo a qual todos os oficiais com mais de 55 anos terão de se aposentar, comunica ao portal Afganistan.Ru uma fonte próxima do parlamento afegão.

Renovar as estruturas militares do Afeganistão e reforçar a luta contra a corrupção são os objetivos oficiais da reforma. Contudo, esta declaração provocou uma reação forte entre analistas e entre os próprios militares afegãos. Vale ressaltar que as forças de segurança afegãs poderão perder uma camada numerosa de pessoas ligadas ao Partido Democrático do Povo do Afeganistão (PDPA) [pró-russos] e ao corpo do exército de mujahid.

O general do exército afegão, Abdul Wahid Taqat, está certo de que o objetivo principal desta reforma é afastar os oficiais e militares que pertencem ao PDPA, que estudaram na Rússia. Ele considera que a decisão do governo é precipitada e está certo de que a demissão dos militares com experiência será uma tragédia para o exercito afegão. Em entrevista à Sputnik Dari, o general Taqat disse o seguinte:

"Seria melhor que o governo aprendesse com outros países e pensasse como utilizar estes militares para exercer responsabilidades de conselheiros e professores em universidades militares. Tal abordagem permitiria evitar o vácuo durante a execução da reforma. Os norte-americanos querem usar esta reforma para substituir cerca de 20 mil pessoas no exército nacional e o 'americanizar' o máximo possível. Eles querem que aos ministérios e departamentos militares cheguem filhos dos afegãos que trabalham e servem aos interesses dos EUA e contam com a sua ajuda na criação do exército pró-americano. Este plano se parece mais com golpe, ao invés de reforma, que vai afetar o potencial valioso dos corpos do exército, incluindo os militares e oficiais que estudaram na Rússia e na ex-União Soviética".

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O general Taqat adicionou que ele mesmo estudou na União Soviética, por isso os norte-americanos não querem trabalhar com ele.

Ao mesmo tempo, há outra opinião. Doulat Vaziri, porta-voz oficial do Ministério da Defesa afegão, em comentário à Sputnik Dari chamou a crítica do general Taqat de infundada e sublinhou que a reforma permitiria levar os postos e patentes à conformidade, tal como resolver o problema dos oficiais reservistas:

"O projeto de lei proposto pelo presidente não terá consequências negativas ao exército. O objetivo do governo é criar um balanço necessário nas estruturas de segurança. Agora o exército afegão conta com aproximadamente 6 mil desempregados. Trata-se de jovens corpos do exército capacitados que devem substituir e ocupar os cargos dos que não convêm por causa da idade ou outros critérios".

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