'Desisto': Enviada da ONU que investigava crimes de guerra na Síria abandona o cargo

© AP Photo / Keystone, Salvatore Di NolfiA Suíça Carla del Ponte, à esquerda, membro da Comissão de Inquérito sobre a Síria, sentada ao lado do brasileiro Paulo Pinheiro, certo, presidente da Comissão, enquanto fala aos meios de comunicação durante uma conferência de imprensa após a sessão do Conselho dos Direitos Humanos sobre O relatório da Comissão de Inquérito sobre os Direitos Humanos na Síria na sede europeia das Nações Unidas em Genebra, Suíça, terça-feira, 18 de março de 2014.
A Suíça Carla del Ponte, à esquerda, membro da Comissão de Inquérito sobre a Síria, sentada ao lado do brasileiro Paulo Pinheiro, certo, presidente da Comissão, enquanto fala aos meios de comunicação durante uma conferência de imprensa após a sessão do Conselho dos Direitos Humanos sobre O relatório da Comissão de Inquérito sobre os Direitos Humanos na Síria na sede europeia das Nações Unidas em Genebra, Suíça, terça-feira, 18 de março de 2014. - Sputnik Brasil
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A especialista de crimes de guerra Carla Del Ponte anunciou sua saída da Comissão Internacional Independente de Inquérito sobre a Síria, alegando inoperância do órgão e da comunidade internacional em 'interromper o banho de sangue' no país.

"Não posso estar mais nesta Comissão que não faz absolutamente nada", explicou a antiga procuradora ao jornal suíço Blick, acusando ainda que o Conselho de Segurança da ONU não quer "fazer justiça". "Nós não tivemos sucesso. Permanecemos batendo com a cabeça na parede nos últimos cinco anos".

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A Comissão da ONU foi criada em agosto de 2011, meses depois do início do conflito que se arrasta fazendo milhares de mortos e sem resolução próxima. A ideia era investigar violações dos direitos humanos durante a guerra. O órgão deveria reportar a ocorrência e as circunstâncias de supostos crimes, bem como identificar os perpetradores. 

Del Ponte trabalhou como Procuradora Geral do Tribunal Penal Internacional para a ex-Iugoslávia e do Tribunal Penal Internacional para a Ruanda, além de atuar como embaixadora da Suíça na Argentina. Como investigadora para a Síria, a diplomata ingressou com um inquérito em 2012, relatando o "uso de armas químicas, o genocídio contra os Yazidi perpetrado pelo Estado Islâmico (Daesh) e as táticas de cerco e bombardeio de comboios humanitários".

Críticas recorrentes

Del Ponte já vinha criticando pesadamente a atuação da Comissão há algum tempo. Anteriormente, a diplomata tocou no assunto durante o festival de Locarno, dizendo que pensava que "a comunidade internacional tinha aprendido algo com [o Genocídio em] Ruanda, mas não, não aprendemos nada. Nada acontece [na Comissão], apenas palavras, palavras e palavras".

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Seguem na Comissão a diplomata estadunidense Karen AbuZayd e o brasileiro, ex-secretário de Direitos Humanos e professor da USP Paulo Pinheiro. Em uma declaração conjunta, os dois afirmaram que Del Ponte afirmou sua intenção em deixar o cargo na metade de junho e que "a Comissão deseja sucesso a Sra. Del Ponte em todos os seus esforços futuros, particularmente como uma defensora incansável da causa da responsabilidade e levando os autores de crimes de guerra e crimes contra a humanidade à justiça". Nenhum substituto foi anunciado até o momento. 

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