Com que o exército do Irã responderá às sanções dos EUA?

© REUTERS / Mahmood HosseiniMíssil balístico iraniano lançado a partir de terreno desconhecido, 9 de março de 2016
Míssil balístico iraniano lançado a partir de terreno desconhecido, 9 de março de 2016 - Sputnik Brasil
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Novas sanções dos EUA contra o Irã são irracionais. Tais métodos nunca dão certo e não trazem dividendos políticos, a pressão sobre Cuba e sobre a Coreia do Norte, que duram já há muitos anos, é um bom exemplo.

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É evidente que as sanções, que estão na escala de valores americanos entre a diplomacia e a guerra, têm como objetivo provocar um novo conflito no Oriente Médio. É o rumo mais fácil para a prosperidade americana. A Arábia Saudita já está comprando armas norte-americanas no valor de 110 bilhões de dólares (R$ bilhões). Se uma guerra anular tudo isso, vão surgir novas encomendas para o complexo militar-industrial dos EUA.

Teerã preparou uma lista de 16 medidas de resposta. O ministro do Exterior do Irã, Abbas Araghchi, declarou que várias delas vão incluir a modernização das forças armadas iranianas. Ele ressaltou que, ao introduzir as sanções, os EUA “infringiram o acordo nuclear, e nós vamos mostrar uma reação correspondente e proporcional a esta situação”.

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Anteriormente, o conselheiro para questões internacionais do líder iraniano, Ali Akbar Velayati, disse aos jornalistas que Teerã “tem muitos meios para responder às ações dos EUA” sem violar o Plano de Ação Conjunto Global (o acordo internacional acerca do programa nuclear iraniano). Em março, o Irã, em particular, já introduziu sanções contra 15 empresas americanas por causa do “apoio que elas prestam aos terroristas”.

É evidente que Washington não percebe essas alusões subtis orientais. Em uma certa etapa, Teerã terá que se defender com os meios militares de que ele dispõe em quantidade suficiente.

Uma dupla armadilha

O ranking recentemente publicado pela Global Firepower colocou as forças armadas do Irã no 21° lugar no mundo. Nos lugares mais altos estão a Turquia (8°), o Egito (10°), Israel (15°), mas o Irã ultrapassou a Austrália (22°), a Coreia do Norte (23°) e a Arábia Saudita (24°). A Global Firepower reconheceu o potencial bastante elevado da defesa do Irã.

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O guia The Military Balance 2017 do Instituto Internacional de Estudos Estratégicos, em Londres, nota que o Irã tem um exército com predomínio de material militar bastante obsoleto, mas tem os efetivos bem preparados. Ao mesmo tempo, o elemento-chave da segurança do país são suas armas nucleares estratégicas. Vamos examinar os números e fatos!

A população do Irã é de 80 milhões de habitantes (mais de 70% deles são habitantes de cidades). O país tem grandes recursos de recrutamento, dezenas de milhões de cidadãos estão aptos para o serviço militar. De modo direto, as forças armadas ocupam mais de 350 mil pessoas, e outras 400 mil estão na reserva. As tropas terrestres (as mais numerosas – cerca de 350 mil efetivos) têm à sua disposição 1.616 tanques (incluindo 480 tanques T-72 de produção russa) e peças de artilharia – 320 autopropulsadas e 2000 rebocadas. Do ponto de vista de estrutura, elas formam 8 brigadas blindadas, 14 mecanizadas, 12 da infantaria e uma brigada de paraquedistas.

A Marinha está representada por 398 navios (em termos de quantidade ela é a quarta do mundo), deles 5 são fragatas, 33 submarinos e 230 navios e lanchas de patrulha. Até o ano de 2013, o Irã conseguiu criar uma marinha que supera a dos países do Conselho de Cooperação do Golfo.

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A Força Aérea do Irã dispõe de 477 aviões e helicópteros. Sem nos referirmos ao programa nuclear – mesmo assim o Irã é um adversário de respeito. O retransmissor dos interesses dos EUA na região – a Arábia Saudita – pode competir com o Irã neste sentido apenas em conjunto com outros países da região.

Uma particularidade importante do exército do Irã é a divisão de todos os tipos de ramos e armas em duas estruturas paralelas com seu próprio comando. De um lado há as forças “laicas” com a aviação, a Marinha e tropas terrestres. Do outro – há as tropas do Corpo de Guardiões da Revolução Islâmica que tem suas próprias tropas terrestres, sua própria Força Aérea e sua Marinha.

Ambas as estruturas do exército têm objetivos comuns e cooperam estreitamente. Para um inimigo, esta dupla armadilha poderá ser imprevisível.

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A inércia geopolítica

A lista de sanções, na qual caíram três países completamente diferentes, mostra que Washington tem uma aproximação bastante primitiva a problemas tão complexos, que eles fazem “uma unificação cínica”. Sem dúvida, nem todos nos EUA são loucos. Existe uma compreensão que a apresentação do Irã democrático como a vanguarda do terrorismo mundial é “nem só errada, mas bastante perigosa”. Mas o Congresso dos EUA, que domina sobre o bom senso, já sentiu o cheiro de dinheiro e já quer mais uma guerra destrutiva no Oriente Médio. A equipe de Trump não pode se opor a este bacanal.

A hostilidade dos EUA em relação ao Irã tem raízes nos tempos da revolução islâmica de 1979. Os americanos se ressentem de uma velha ofensa.

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Outra razão para a hostilidade dos EUA é a ajuda que o Irã presta a dois inimigos de Israel – o Hezbollah e o Hamas (estas organizações não são consideradas terroristas em muitos países, incluindo a Rússia). Além disso, Tel Aviv considera o programa nuclear do Irã como uma ameaça.

Em geral, as tentativas de resolver as crises complexas com tais aproximações primitivas são erradas.

Aleksandr Khrolenko para a agência Sputnik

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