Opinião: decisão turca de enviar tropas ao Qatar é um passo impulsivo

© AFP 2023 / ADEM ALTAN Presidente turco Recep Tayyip Erdogan discursa na cerimônia de entrega de prêmios em Ancara, Turquia, 3 de novembro de 2016
Presidente turco Recep Tayyip Erdogan discursa na cerimônia de entrega de prêmios em Ancara, Turquia, 3 de novembro de 2016 - Sputnik Brasil
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Há pouco tempo, o presidente turco Recep Tayyip Erdogan aprovou a decisão do parlamento do país que prevê a instalação de militares turcos na base militar de Al Rayyan, no Qatar, e a cooperação no treinamento da gendarmaria do país, o que gerou uma grande repercussão na comunidade turca e internacional.

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Após tal passo do presidente turco, surgiu uma opinião bastante difundida de que o aumento do contingente da Turquia no Qatar (de 94 para 600 militares) pode pressagiar uma crise séria no futuro, caso o Qatar, que está sendo sujeito a pressão americana e saudita, expresse o pedido de proteger seu território com a ajuda das forças turcas.

Em uma conversa com a Sputnik Turquia, o ex-embaixador turco em Washington, Faruk Logoglu, expressou uma opinião semelhante.

"Embora nas declarações de Ancara a respeito da crise no Qatar figurem as palavras 'diálogo' e 'consenso', a mensagem que há nelas gera razões sérias para nos preocuparmos. A retórica do presidente Erdogan e do premiê Binali Yildirim não reflete apenas a vontade da Turquia de prestar apoio ao Qatar, mas também de expressar seu protesto em relação aos países que se manifestam contra ele", explicou o diplomata.

Logoglu explicou que a Turquia, evidentemente, não podia ficar de lado e indiferente a esta crise, porém, Ancara "não deve dar passos precipitados e fazer declarações pouco ponderadas em relação a este assunto".

"A decisão tomada pelo parlamento turco, a meu ver, é um passo impulsivo destes, que pode colocar Ancara em uma situação complicada e estreitar significativamente o espaço para manobras políticas", sublinhou.

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Ao falar de que a Turquia deveria se manter neutra em relação aos conflitos regionais, Logoglu afirmou: "A Turquia deve construir sua própria política no Oriente Médio se orientando pelo princípio que na época foi definido por Ataturk [primeiro presidente da República da Turquia e, consequentemente, seu fundador], ou seja, que se deve construir relações amistosas com o mundo árabe, mas ao mesmo tempo não intervir nos conflitos que surgem entre os países árabes".

O diplomata resumiu que a evolução da situação depende dos passos que serão dados pelas outras partes do conflito, particularmente, pela Arábia Saudita, EUA e Irã.

"Não acho que este conflito evolua para uma confrontação aberta. Porém, receio que em resultado da tensão existente possa se criar uma situação semelhante àquela que houve no Iraque", resumiu.

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