Política ferroviária da China provoca acusações de neocolonialismo

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Crianças brincando em um reseratório de água ao lado de uma ferrovia em Luanda, Angola - Sputnik Brasil
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A China ajudou a África Oriental a construir uma ferrovia de Mombaça a Nairobi, visando o desenvolvimento regional. O tráfego de trens nesta parte da ferrovia teve início em 31 de maio.

A China contribuiu assim para criar uma das bases econômicas para a integração política na África Oriental, disse o especialista Albert Khamatashin do Instituto da África da Academia de Ciências da Rússia, chamando de infundadas as acusações do Ocidente de que a China realiza uma política de neocolonialismo.

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O projeto que a China está implementando pode mudar toda a África Oriental. Para o Quênia, este é o maior projeto infraestrutural desde a obtenção da independência. O Uganda, o Ruanda e o Sudão do Sul não têm acesso ao mar. Por isso, para eles, é uma oportunidade para chegar ao oceano Índico. A ligação do troço Nairobi-Mombaça com esses países será feita na segunda fase de construção da ferrovia.

A China está disposta a investir no projeto quase $4 bilhões (R$ 12,9 bilhões). 90% desta soma já foram concedidos pelo Banco de Exportações e Importações da China.

Esta ferrovia vai substituir o antigo "expresso louco" de 1.062 km, que foi construído pelos britânicos há meio século e ligava o lago Victoria com Mombaça. A ferrovia está totalmente arruinada, tornando-se um "monumento" da era do colonialismo ocidental em África. Os países ocidentais continuam sendo muito ativos no continente, mas não realizam projetos de tão grande envergadura como esta nova ferrovia, disse em uma entrevista à Sputnik China especialista Albert Khamatashin.

Na China tem seu próprio interesse económico e político no financiamento e construção do caminho de ferro, mas é injusto acusar os chineses de neocolonialismo, acredita o especialista. Este projeto infraestrutural é muito importante para os países em desenvolvimento na África Oriental. Ele também aumenta a credibilidade da China no continente e melhora a imagem da China aos olhos dos africanos. O fato de o Ocidente acusar a China de neocolonialismo mostra que o Ocidente está perdendo a competição com a China pela influência em África, afirma Albert Khamatashin.

Agora, depois da realização da primeira parte do projeto, podemos dizer que a integração regional na África será realizada mais rapidamente. Ou seja, este projeto é realmente muito importante para o estabelecimento de relações económicas entre os países membros da União do Leste Africano. Agora, graças à cooperação com a China, a África dá um grande passo para que a integração política seja acompanhada da integração económica.

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O diretor do Centro para os Estudos da Globalização e Modernização da China do Instituto de Economia Internacional e Comércio, Wang Zhimin, também julga que as acusações contra a China de neocolonialismo em África não correspondem à realidade.

A cooperação entre a China e África sempre trouxe benefícios mútuos, disse especialista. Além disso, os lucros da China com este projeto são relativamente pequenos.

A ferrovia no Quênia é um componente essencial da infraestrutura do projeto Uma Cinturão, Uma Rota". O investimento neste projeto é muito grande, o tempo de construção é longo, mas o papel no desenvolvimento econômico regional pode ser importante. Há um provérbio chinês, lembra Wang Zhimin: "Se você quer se tornar rico, primeiro construa um caminho".

No entanto, se observa que em África "a diplomacia ferroviária" da China enfrenta problemas consideráveis. Em particular, a ferrovia da África Oriental provoca críticas de alguns observadores por causa do seu custo alegadamente muito elevado, disse o especialista. O projeto equivale a cerca de 5% do PIB do Quênia. Dificuldades semelhantes surgiram durante as tentativas da China de realizar ou promover projetos de ferrovias no Laos, Tailândia, Malásia e Singapura.

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Os "verdes" africanos bloquearam mesmo a construção da segunda parte da via férrea devido a preocupações sobre seu impacto na vida selvagem, porque a ferrovia vai passar pelo Parque Nacional de Nairobi. Isso obrigou os empreiteiros chineses a reforçar a componente ambiental do projeto. Os protestos do público também ocorrem no Brasil, por causa da ameaça para o ambiente no caso da construção da ferrovia Brasil-Bolívia-Peru. Este é um dos principais obstáculos para a participação da China de projetos de ferrovias na América Latina.

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