O referendo pode ser realizado em outubro ou novembro de 2017. Representantes de partidos curdos e especialistas discutiram as perspectivas da criação de um novo Estado independente na região. O colunista da agência Sputnik, Igor Gashkov, partilha suas reflexões sobre o tema:
Procurando pelo Ladrão de Bagdá
O novo Estado já tem mesmo governo e líder, é o presidente Massoud Barzani que governa a autonomia curda no Iraque desde 2005. Os aliados de Barzani queriam realizar um referendo sobre a independência ainda em 2014, mas esta questão foi sendo adiada por causa do avanço do Daesh (o grupo terrorista proibido na Rússia e muitos outros países). Agora, à medida que o grupo terrorista está perdendo suas posições, aparecem os contornos do novo Iraque – do país que tem dificuldades em unir as comunidades que nele vivem. Os curdos acreditam que Bagdá os discrimina sistematicamente e só veem solução na independência.
O representante do Partido Democrático do Curdistão iraquiano na Federação da Rússia, Hoshavi Babakr, disse à Sputnik que as autoridades iraquianas pressionam a região através de instrumentos financeiros, limitando as dotações do orçamento.
Babakr diz que, durante a guerra contra os militantes do Daesh, as autoridades iraquianas deixaram o povo curdo sem apoio. Em 2014 havia a possibilidade de terroristas conquistarem mesmo a capital da autonomia curda — Arbil. De acordo com fontes curdas, nem naquela altura nem agora, o Iraque não deu qualquer assistência (incluindo financeira) para as forças armadas do Curdistão iraquiano, os Peshmerga.A independência inoportuna
As autoridades iraquianas, por sua vez, consideram as ações dos separatistas curdos como traiçoeiras. Bagdá afirma que a vitória sobre o Daesh ainda não foi alcançada, e que a realização de um referendo sobre a independência do país em tal situação é inaceitável. Os curdos iraquianos são acusados de ligações com Israel e de tentar criar uma "cabeça-de-ponte pró-israelense".
Bagdá sublinha que, combatendo contra o Daesh, as forças Peshmerga assumiram o controle sobre os territórios além dos limites anteriormente estabelecidos do Curdistão iraquiano. Os curdos consideram todas estas terras como suas e pretendem realizar o referendo em questão em todos estes territórios. As autoridades iraquianas dizem que não reconhecerão a autodeterminação dos territórios tomados pelas forças Peshmerga. O argumento de Bagdá é que nestas províncias vivem não só curdos, mas também árabes e turcomanos.
Agora a atitude de Ancara em relação às duas regiões curdas — a síria e a iraquiana — é fundamentalmente diferente. O Curdistão iraquiano semi-independente é um dos parceiros económicos da Turquia, que compra ativamente hidrocarbonetos no seu território. O presidente da autonomia, Massoud Barzani, tem o sério apoio da Turquia. Durante sua última visita a Istambul, à chegada foi hasteada a bandeira do seu Estado que ainda não é oficialmente reconhecido, mesmo não correspondendo ao protocolo diplomático.
Mas a atitude das autoridades turcas para com os curdos sírios é bastante diferente. No dia 10 de maio, o presidente turco Erdogan confirmou que considera grupo Unidades de Proteção Popular (YPG), que controlam o território na fronteira turco-síria, como "terroristas". Ancara está preocupada com o fato de que os EUA fornecem armas aos rebeldes curdos. "Nossa paciência está se esgotando", declara Erdogan.
A Turquia considera oficialmente o Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), que atua no território turco, como uma organização terrorista. O ex-líder da PKK, Abdullah Ocalan, foi condenado a prisão perpétua na Turquia.
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